“Sofremos o medo da gripe espanhola”, revelam irmãs centenárias do ES
Irmãs centenárias nascidas em Marechal Floriano, que sobreviveram à doença, falam sobre a alegria de viver
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“Nascemos e vivemos em Marechal Floriano até 1923. Depois, nos mudamos para Vitória e, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde moramos cerca de 20 anos. Chegamos em Brasília no dia 6 de junho de 1960, e moramos nela até hoje. Testemunhamos o medo da gripe espanhola, pegamos a tal gripe e sobrevivemos.
Não temos mau humor. A gente tem que amar o próximo do jeito que ele é, aceitar a pessoa. Não adianta tentar mudar o que o outro é. É ter amor ao próximo, aceitando como as pessoas são.
Hoje somos aposentadas, trabalhamos por muito tempo na Câmara dos Deputados, e lá nos aposentamos. Podemos sorrir, porque nós somos felizes, não estamos fingindo.
Graças a Deus, nosso pai não era tão atrasado, porque naquela época as mulheres não podiam estudar e nem arranjar emprego.
Só não dirigimos agora porque o Detran (Departamento de Trânsito do Distrito Federal) não deixa mais.
Sem medo
Não tenham medo de envelhecer. Não nos sentimos velhas, não. O que fazemos nós gostamos, não temos insônia, por exemplo. Se ficamos sem dormir, vamos trabalhar em algo.
Gostamos de receber visitas e que a casa esteja sempre cheia de netos, bisnetos, amigos e familiares.
Antes da pandemia, tínhamos o hábito, há quase 40 anos, de todo sábado nos reunirmos para o almoço na casa das matriarcas. Era algo marcante os encontros de sábado. Era sagrado a família se reunir para almoçar. É o segredo para manter a união.
Novas mídias
Somos atualizadas nas novas mídias, toda manhã fazemos palavras cruzadas pelo iPad.
Começamos a nos interessar pelas tecnologias aos 80 anos e chegamos até a montar um manual para as pessoas que não sabiam utilizar as ferramentas e queriam aprender. Temos conta no Nubank e pagamos as nossas próprias contas. Estamos reunindo a biografia do mentor de Chico Xavier, o Emmanuel.
E este trabalho agora está nas mãos da Federação Espírita Brasileira (FEB). Por enquanto, o projeto está em fase de produção do acervo virtual.
Infância
Íamos até a venda em Marechal Floriano onde o dono oferecia mariola para nós. Acreditávamos que estávamos ganhando a mariola, mas, na verdade, o dono da venda todo mês apresentava a caderneta cobrando nosso pai.
Quando ele ficou sabendo do ocorrido, disse que nunca mais comprou fiado em lugar nenhum.
Nossa mãe trabalhava nos Correios e ela comentava que havia um cidadão que todos os dias perguntava: ‘tem carta para PT?’. Passando algum tempo, ele voltou e perguntou: “tem carta para Pietro Tononi?”.
Família
Fomos casadas, temos filhos, netos e até bisnetos. Mesmo casadas, sempre moramos próximas uma da outra e só fomos voltar a morar juntas após nossos maridos morrerem.
Depoimento ao repórter Clóvis Rangel.
Perfil
- Juracy Feitosa Rocha tem 102 anos e Julieta Feitosa, 106. Juracy se formou em Biblioteconomia e Contabilidade, já Julieta estudou Turismo.
- Trabalharam por muito tempo na Câmara dos Deputados. A mais nova como diretora da biblioteca e a mais velha, diretora do arquivo.
- As irmãs nasceram e viveram em Araguaia, Marechal Floriano, até 1923. Depois, se mudaram para Vitória e, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde moraram cerca de 20 anos. As duas chegaram a Brasília em 6 de junho de 1960.
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