“O que Deus me deu, um bêbado tirou”, desabafa mãe de jovem morta em acidente
Motorista acusado de atropelar e matar Amanda Marques, em 2021, foi liberado pelo STJ
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Wagner de Paulo, motorista acusado de atropelar e matar a balconista Amanda Marques Pinto, de 20 anos, vai aguardar o julgamento em liberdade. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus ao condutor, que estava preso preventivamente desde o dia seguinte ao ocorrido.
O acidente aconteceu no dia 18 de abril de 2021, na rodovia Darly Santos, no bairro Novo México, em Vila Velha. O Toyota Corolla onde estava Wagner invadiu a faixa da direita e bateu na traseira da moto onde estavam Amanda e o namorado dela, Matheus José, na época com 23 anos.
Após as investigações, a polícia concluiu que o motorista tinha ingerido bebida alcoólica antes de assumir o volante.
Entenda melhor o caso na reportagem da TV Tribuna/SBT.
Em entrevista para o Jornal A Tribuna, a mãe de Amanda desabafou sobre o sentimento de falta de justiça para a filha. Confira a conversa completa:
A Tribuna: Como a família recebeu a decisão da Justiça de liberar o motorista?
Renata Aparecida Marques: Não tem mais o que provar. Ele estava embriagado, em alta velocidade, não prestou socorro e foi desumano o tempo inteiro. Ele vai poder levar uma vida normal enquanto a maior condenada é a minha filha, que está morta. Também sou condenada porque meu sofrimento como mãe é eterno. Eu digo que o que Deus me deu, um motorista bêbado tirou.
Existe alguma previsão de quando será o julgamento?
Desde o ano passado aguardamos que ele vá para júri popular. Estamos esperando uma data, mas até agora nada. O processo está na 4ª Vara Criminal de Vila Velha, mas não temos atualizações.
Amanda morava com você?
Ela morava com o namorado em outro bairro em Vila Velha e trabalhava de segunda-feira a sábado. Nos sábados, quando ela saía do trabalho, depois do meio-dia, ela vinha sempre para a minha casa. No dia, Amanda estava indo ao mercado fazer compras com o Matheus, porque era o único dia que ela conseguia tempo. Ela tinha acabado de sair da minha casa.
Ela era filha única?
Tenho outro filho, de cinco anos. Mas a Amanda era a minha menina. Ela foi desejada desde o começo. Eu sempre quis ter uma filha menina e Deus me deu esse presente. Ela nasceu no dia 4 de abril de 2001, uma gestação planejada.
Como você deseja que Amanda seja lembrada?
Uma menina carinhosa e amiga. Toda hora era um “eu te amo”, um beijo e um abraço. Ela também era muito brincalhona, não deixava ninguém ficar triste. Falo que ela era aquela filha “bagunceira”, sabe? Gostava muito de dançar e estava sempre sorrindo. É assim que lembro dela.
Desde o dia do acidente, de onde você tem tirado forças para seguir?
Minha força primeiramente vem de Deus. Ele que tem me sustentado até aqui. Depois, a força vem da Amanda. É por ela que sigo cada dia buscando justiça. Eu não quero vingança, eu quero que ele (o motorista) pague pelo que fez com a minha filha. Da justiça divina ele não vai escapar, mas aqui na terra, ele tem que receber uma punição.
O que você espera daqui para frente no caso da sua filha?
Eu quero justiça. Do que adianta fazer palestras, campanhas e blitz falando que não pode beber e dirigir, se quando chega no momento crucial, que é manter o criminoso preso, a Justiça solta?
O sentimento que fica é de impunidade. E isso fica na cabeça das pessoas, que elas podem fazer o que bem entendem e não serão punidas, não terão uma resposta rígida.
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