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Cidades

“O que Deus me deu, um bêbado tirou”, desabafa mãe de jovem morta em acidente

Motorista acusado de atropelar e matar Amanda Marques, em 2021, foi liberado pelo STJ


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Imagem ilustrativa da imagem “O que Deus me deu, um bêbado tirou”, desabafa mãe de jovem morta em acidente
Renata Aparecida Marques, mãe de Amanda, classificou a decisão da Justiça como “inacreditável” |  Foto: Gustavo Forattini/AT

Wagner de Paulo, motorista acusado de atropelar e matar a balconista Amanda Marques Pinto, de 20 anos, vai aguardar o julgamento em liberdade. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus ao condutor, que estava preso preventivamente desde o dia seguinte ao ocorrido.

O acidente aconteceu no dia 18 de abril de 2021, na rodovia Darly Santos, no bairro Novo México, em Vila Velha. O Toyota Corolla onde estava Wagner invadiu a faixa da direita e bateu na traseira da moto onde estavam Amanda e o namorado dela, Matheus José, na época com 23 anos.

Após as investigações, a polícia concluiu que o motorista tinha ingerido bebida alcoólica antes de assumir o volante. 

Entenda melhor o caso na reportagem da TV Tribuna/SBT.

Em entrevista para o Jornal A Tribuna, a mãe de Amanda desabafou sobre o sentimento de falta de justiça para a filha. Confira a conversa completa:

A Tribuna: Como a família recebeu a decisão da Justiça de liberar o motorista?

Renata Aparecida Marques: Não tem mais o que provar. Ele estava embriagado, em alta velocidade, não prestou socorro e foi desumano o tempo inteiro. Ele vai poder levar uma vida normal enquanto a maior condenada é a minha filha, que está morta. Também sou condenada porque meu sofrimento como mãe é eterno. Eu digo que o que Deus me deu, um motorista bêbado tirou.

Existe alguma previsão de quando será o julgamento?

Desde o ano passado aguardamos que ele vá para júri popular. Estamos esperando uma data, mas até agora nada. O processo está na 4ª Vara Criminal de Vila Velha, mas não temos atualizações.

Amanda morava com você?

Ela morava com o namorado em outro bairro em Vila Velha e trabalhava de segunda-feira a sábado. Nos sábados, quando ela saía do trabalho, depois do meio-dia, ela vinha sempre para a minha casa. No dia, Amanda estava indo ao mercado fazer compras com o Matheus, porque era o único dia que ela conseguia tempo. Ela tinha acabado de sair da minha casa.

Ela era filha única?

Tenho outro filho, de cinco anos. Mas a Amanda era a minha menina. Ela foi desejada desde o começo. Eu sempre quis ter uma filha menina e Deus me deu esse presente. Ela nasceu no dia 4 de abril de 2001, uma gestação planejada.

Imagem ilustrativa da imagem “O que Deus me deu, um bêbado tirou”, desabafa mãe de jovem morta em acidente
Amanda estava indo ao mercado fazer compras com o namorado quando o acidente aconteceu |  Foto: Acervo Pessoal

Como você deseja que Amanda seja lembrada?

Uma menina carinhosa e amiga. Toda hora era um “eu te amo”, um beijo e um abraço. Ela também era muito brincalhona, não deixava ninguém ficar triste. Falo que ela era aquela filha “bagunceira”, sabe? Gostava muito de dançar e estava sempre sorrindo. É assim que lembro dela.

Desde o dia do acidente, de onde você tem tirado forças para seguir?

Minha força primeiramente vem de Deus. Ele que tem me sustentado até aqui. Depois, a força vem da Amanda. É por ela que sigo cada dia buscando justiça. Eu não quero vingança, eu quero que ele (o motorista) pague pelo que fez com a minha filha. Da justiça divina ele não vai escapar, mas aqui na terra, ele tem que receber uma punição.

O que você espera daqui para frente no caso da sua filha?

Eu quero justiça. Do que adianta fazer palestras, campanhas e blitz falando que não pode beber e dirigir, se quando chega no momento crucial, que é manter o criminoso preso, a Justiça solta?

O sentimento que fica é de impunidade. E isso fica na cabeça das pessoas, que elas podem fazer o que bem entendem e não serão punidas, não terão uma resposta rígida.

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