Nova vida após dias de tensão na Venezuela
Jenniffer Alejandra Rojas Rosas saiu de seu país de origem por causa da crise e hoje trabalha e cuida de seu filho no Estado
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“Estava ficando difícil mesmo para gente ter um dinheiro para comprar comida, muitos produtos não tinham no supermercado, não tinham à venda. Então, a gente comprava por quatro vezes o valor dele, estava sendo complicado”.
A afirmação é da venezuelana Jenniffer Alejandra Rojas Rosas, de 33 anos, que mora com seu filho, Cleiber Daniel Moreno Rojas, 14 anos, no Estado desde que eles deixaram seu país para escapar da crise econômica e humanitária.
Mas a travessia dos refugiados não foi fácil. “Vim de ônibus até Manaus, em julho de 2019, e fiquei um ano até ir buscar meu filho em Caracas, em dezembro de 2020. Na volta, a fronteira estava fechada por causa da pandemia. Tivemos que vir três dias pela selva. Foi difícil, mas a gente chegou”, diz Jenniffer Alejandra.
No Espírito Santo, eles foram contratados pela rede Meridional no programa “Inclusão sem Fronteiras”.
A coordenadora da R&S Corporativo Kora Saúde (Rede Meridional), Magda Costa, foi quem deu o primeiro passo para o desenvolvimento do programa.
Ela fez contato com a UVV, que dá apoio a refugiados no Estado, e organizou o primeiro encontro dos refugiados com a equipe de recrutamento da Kora.
Todos os refugiados foram entrevistados e, a partir daí, começaram os processos de admissão.
“O projeto é para refugiados e imigrantes que vêm de zonas de alta vulnerabilidade, já consideradas pela ONU como países mais vulneráveis em relação social, econômica e perseguições políticas”, afirma Magda Costa.
Quatro refugiados da Venezuela e um de Benin, na África, estão atuando nas operações da Kora Saúde no Espírito Santo.
Acolhimento
“Precisa ter emprego e que não tenha preconceito em relação a eles. É abrir as portas da empresa e cada pessoa dentro dessa empresa abrir seus corações. Você vê que está ali fazendo um trabalho humanitário, está estendendo a mão, ajudando alguém que realmente precisa”, lembra a coordenadora.
Ela conta que os refugiados fazem aulas de português na UVV. Jenniffer Alejandra era estudante do curso superior de Contabilidade na Venezuela, mas não conseguiu se formar. Aqui, ela trabalha como assistente de Recursos Humanos.
O filho dela estuda no 7º ano do ensino médio e faz estágio de assistente administrativo.
“Tivemos que vir pela selva”, diz Jenniffer
A Tribuna – Em qual cidade da Venezuela você e sua família moravam?
Jenniffer Rosas – Eu sou do estado de Bolívar, cidade Bolívar. Meu filho é da capital, Caracas.
Em que ano vieram para o Brasil?
Eu, em julho 2019, e meu filho busquei em dezembro de 2020.
Como foi a travessia para o País?
No começo, quando eu vim sozinha, eu juntei minha passagem e fui de ônibus até Manaus, Amazonas. Tudo foi muito tranquilo mesmo. Aí eu pedi residência. Fiquei um ano sozinha aqui no Brasil, depois fui só pegar meu filho.
Aí foi mais a travessia mesmo, uma travessia muito difícil, a fronteira estava fechada por causa da pandemia de covid. Tivemos, na verdade, que vir pelo mato, pela selva. E foram três dias. Então, foi difícil essa travessia, mas a gente chegou bem, graças a Deus.
Qual a sua profissão?
Lá no meu país eu também trabalhava como assistente de contabilidade. Eu estava estudando na faculdade, mas não terminei. Aqui no Brasil eu sou assistente de RH. Meu filho estuda no 7º ano e está trabalhando como assistente administrativo.
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