Moradores da Mata da Praia temem tumulto no trânsito após obra em hospital
Receio é que, com ampliação de hospital localizado no bairro, haja aumento no número de carros estacionados de forma indevida nas ruas
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Moradores do bairro Mata da Praia, em Vitória, têm recebido a notícia da ampliação do Hospital Meridional Vitória, antiga Maternidade Santa Úrsula, com receio.
O medo é que, com a ampliação do estabelecimento, que fica no mesmo bairro, aumentem os problemas com carros estacionados de forma indevida nas ruas vizinhas à unidade.
Outro ponto que causa preocupação é o risco de aumentar a criminalidade no bairro por conta do crescimento da movimentação com o aumento do espaço do hospital.
A presidente do Conselho Diretor da Associação dos Moradores de Mata da Praia (AMMP), Silvia Gomes de Morais, explica que, atualmente, com o complexo médico que há no local, o entorno já é impactado pelo trânsito intenso. O medo é que, com a ampliação, a situação venha a piorar.
“A rua Francisco Mercadante, que é de uso estritamente residencial, vem sofrendo com excesso de veículos estacionados, a ponto de impedir a entrada do caminhão de lixo e, ainda, dificultar com que prestadores de serviço e até os moradores consigam parar em frente às suas casas”.
O professor universitário José Leandro Felix Salles, de 60 anos, mora na rua Francisco Mercadante há 20 anos.
Ele conta que os frequentadores do hospital preferem estacionar na rua onde ele mora devido à proximidade, já que o estacionamento do local é pago.
“Com tantos carros estacionados, os moradores estão tendo dificuldade para entrar na rua. Além disso, os motoristas estacionam em pontos irregulares, como nas esquinas ou até na frente das garagens”.
Outro problema, de acordo com o morador, é que, por conta da grande movimentação, o bairro também está mais perigoso.
“O aumento do fluxo de carros tem atraído assaltantes que ficam circulando próximo à entrada da rua. Os assaltantes quebram vidros dos carros para cometer o crime”, relata José Leandro Felix.
Impacto
Um Estudo de Impacto de Vizinhança foi realizado pela Rede Meridional, mas a reivindicação da associação de moradores é para que novas pesquisas sejam feitas.
Segundo os moradores, mais um levantamento deve ser realizado, já que o apresentado inicialmente não espelha a real situação das vias do entorno do hospital.
“Nem o caminhão de lixo consegue entrar na rua”
As ruas no entorno do Hospital Meridional Vitória, na Mata da Praia, na capital, ficam tão cheias de carros estacionados e não é difícil encontrar dias em que o caminhão do lixo não consegue recolher os resíduos, segundo moradores. Um desses exemplos é o caso do engenheiro civil aposentado Antonio Maurício, de 77 anos, que mora na rua Francisco Mercadante desde 2001.
“Na minha casa, que fica no final da rua, às vezes o lixeiro deixa de recolher o lixo por conta dos carros estacionados, que impedem a passagem do carro de lixo”.
Ele continua: “Muitos motoristas, na urgência de deixarem os carros mais próximos do estabelecimento e na falta de vagas apropriadas, acabam estacionando em esquinas e causando mais transtornos ainda”.
O morador conta que, de acordo com o Plano Diretor Urbano (PDU), lei municipal que define como deve ser o crescimento e o funcionamento da cidade, as vias locais servem para acesso dos moradores.
“A maioria das ruas do bairro Mata da Praia é de vias locais. São ruas sem saída, estreitas, chamadas de vias locais”.
A gerente administrativa Manuella Vasco, 36 anos, mora no bairro há oito anos. Ela é a favor da ampliação do hospital, mas fica receosa sobre os possíveis problemas que isso poderá trazer.
“Ter um hospital por perto é muito bom, mas me preocupa muito a questão da movimentação dos carros e das vagas. Quando levo meus filhos no carro, tenho de estacionar no alto da rampa e depois ir descendo com eles, muitas vezes, no colo. Se estiverem passando mal, a situação vai piorar mais ainda”.
Meridional diz que projeto ainda está em fase de estudo
A Rede Meridional esclarece que o projeto de expansão do Hospital Meridional Vitória (antiga Maternidade Santa Úrsula) se encontra em fase de estudo de viabilidade para posterior definição sobre sua continuidade.
“Iremos, em parceria com a sociedade e com o poder público, buscar as melhores opções para a viabilidade do projeto. O intuito da rede é ampliar a oferta de serviço médico de excelência e alta qualidade que a sociedade capixaba e os moradores dos bairros do entorno merecem, observando rigorosamente todas as normas e exigências legais”, disse por nota.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) de Vitória, o empreendimento hospitalar foi categorizado como um gerador significativo de tráfego e que, para a ampliação, uma pesquisa foi realizada pela empresa, com resultados incluídos no Estudo de Impacto na Vizinhança e apresentados em uma audiência pública, onde a comunidade expressou suas preocupações.
“Como resultado desse feedback, as autoridades municipais estão agora em processo de tomar as medidas adequadas em colaboração com o empreendimento, determinando o que pode ser atendido e como será atendido. A Sedec reitera que está atenta às solicitações da comunidade local”.
Por fim, a secretaria da Prefeitura de Vitória disse ainda que está atenta às solicitações da comunidade local e continuará empenhando esforços para acolher as demandas e dialogar com o empreendedor, visando um resultado satisfatório para todas as partes envolvidas.
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