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Cidades

Malburg: qual a chance de novo vírus se espalhar no Brasil?

Especialistas explicam que há a possibilidade do Marburg circular no Brasil, mas acreditam ser mais difícil de acontecer


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Imagem ilustrativa da imagem Malburg: qual a chance de novo vírus se espalhar no Brasil?
cientista estuda vírus que causou surto de doença na Guiné Equatorial e está deixando população em pânico. |  Foto: Canva

Perigo na África. Um  surto do vírus Marburg foi confirmado na Guiné Equatorial pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na última segunda-feira, deixando a população africana em estado de alerta. 

Até o momento, nove mortes e 16 casos suspeitos do vírus foram relatados na Guiné Equatorial, enquanto em Camarões há dois casos suspeitos.

De acordo com a OMS, o Marburg é um vírus da família do Ebola, e a doença causada por ele possui taxa de letalidade de até 88%. Ele é transmitido aos humanos por meio de morcegos frugívoros, e é espalhado pelo contato com fluidos corporais de pessoas contaminadas.

Sobre a possibilidade do vírus vir e se espalhar pelo Brasil, o infectologista Eduardo Toffoli Pandini afirmou ser possível, porém,  difícil de acontecer. 

“A possibilidade de se espalhar para outros países sempre existe, porque hoje em dia é muito fácil pegar um avião e estar em outro continente em algumas horas. Mas, diferentemente da covid, por exemplo, a transmissão exige um contato próximo com secreções, então é uma doença que se espalha com menos facilidade e é mais facilmente contida”, disse.

Para Lauro, a chance do Marburg vir para o Brasil e se espalhar é muito pequena. “Os doentes ficam tão graves que não conseguem se locomover e levar a doença adiante. Geralmente, os surtos são localizados e controlados naquela região como está acontecendo agora”, afirmou. 

A OMS afirmou que a doença começa de maneira abrupta, com sintomas como mal-estar intenso e dor de cabeça intensa, e muitas pessoas desenvolvem febre hemorrágica.

O infectologista Lauro Ferreira Pinto explicou como o Marburg afeta o corpo. “É um vírus que causa uma febre hemorrágica. A pessoa tem febre, calafrios, fica muito prostrada e pode ter sangramentos, porque o vírus altera o endotélio dos vasos sanguíneos. Assim, ela pode ter sangramento digestivo, vômito de sangue, evacuação com sangue, sangramento na pele”, ressaltou.

Leia mais em:

Pedido para uso emergencial da vacina bivalente da moderna contra covid no País

Vírus de Marburg dificilmente sairá da África por alta letalidade

De acordo com a infectologista Martina Zanotti Valentim, os sinais de febre hemorrágica  surgem dentro de sete dias. Ela também observou que não há vacina. 

“Não existe medicamento, o que deve ser feito é manter os pacientes hidratados, monitorar os sinais e prevenir as complicações”, disse a médica.


TIRE SUAS DÚVIDAS


Morcegos são “reservatórios” do vírus

1. Quando foi notificado o primeiro caso de Marburg?

Os primeiros casos de Marburg aconteceram ao mesmo tempo em Marburg e Frankfurt, na Alemanha, e Belgrado, na antiga Iugoslávia. Essas três cidades receberam uma remessa de macacos capturados em Uganda, na África, que seriam usados para experimentos científicos. Só que os macacos estavam infectados com o vírus. Trinta e duas pessoas, incluindo trabalhadores dos laboratórios e seus familiares próximos, adoeceram. A maior parte deles era de Marburg, daí batizaram o vírus com esse nome.

2. Como o Marburg surgiu?

Embora não se saiba com exatidão como o primeiro indivíduo se infectou no surto atual, o Marburg circula naturalmente entre morcegos, então é possível que o contato acidental com fezes deles tenha causado a primeira vítima. Foi o que aconteceu em 2008, quando uma turista holandesa morreu de Marburg após inalar ar contaminado com fezes de morcegos em uma caverna em Uganda.

3. Os morcegos que transmitem a doença para os humanos?

Os morcegos são os reservatórios do vírus, ou seja, onde ele circula na natureza. Alguns surtos  envolveram contato de humanos com fezes de morcegos, que parece ser a via mais comum. Quando passa de uma pessoa para outra, geralmente é por secreções contaminadas (sangue, fezes, urina, etc). Daí muitos casos acontecem com cuidadores de doentes ou profissionais de saúde.

4. Existe tratamento para o Marburg?

Tal como a grande maioria das doenças virais agudas, incluindo o ebola ou a dengue, não há tratamento específico, nem vacina. O tratamento é de suporte internar, intubar, se houver insuficiência respiratória; fazer hemodiálise, se os rins falharem, entre outros.

5. O vírus Marburg pertence à mesma família do Ebola?

O Marburg e o Ebola são doenças muito parecidas, porque os vírus pertencem à mesma família, a dos filovírus. Na verdade, o Marburg foi descoberto primeiro, nove anos antes do Ebola. Ambas as doenças são bastante graves, mas não são muito contagiosas. É necessário um contato próximo com secreções dos doentes para haver infecção, diferentemente de outros vírus como o da gripe e o da covid. Isso faz com que o potencial para causar uma pandemia seja bem menor. Mas a mortalidade pode ser bastante alta. A maior epidemia já registrada, que aconteceu no norte de Angola entre 2004 e 2005, teve 252 casos e 227 mortes.

6. Por que o Marburg é considerado tão grave? Quais são os sintomas?

O Marburg causa um processo inflamatório muito intenso que é chamado de “tempestade de citocinas”. Isso acontece também na dengue, mas no Marburg é dezenas de vezes mais intenso. Ocorrem inicialmente febre, dor de cabeça, mal-estar, dor no corpo e fraqueza, e por volta do 5° dia podem surgir manchas na pele, dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e irritação na garganta. Depois, a doença se agrava com sangramentos diversos, surgimento de uma cor amarelada na pele, colapso da circulação sanguínea e falência de múltiplos órgãos.

7. Se a pessoa for infectada, o que deve fazer?

Em caso de infecção ou de suspeita, a pessoa deve procurar um hospital e avisar se teve contato com alguém doente ou se viajou recentemente para os locais onde estão ocorrendo casos confirmados ou suspeitos (no momento, Guiné Equatorial e Camarões).

Fonte: Eduardo Toffoli Pandini, médico  infectologista.

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