Mãe e filho se reencontram após explosão de lancha
Nayara Andrade e o pequeno Gean puderam matar a saudade. Eles estão internados desde o dia 17 em hospital de São Gonçalo, no Rio
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Internados desde o último dia 17, após a explosão de uma lancha ocorrida em Cabo Frio, na Região do Lagos do litoral do Rio de Janeiro, mãe e filho de um ano e cinco meses se reencontraram ontem e, de mãozinhas dadas, puderam amenizar um pouco a saudade.
Nayara Andrade, de 22 anos, e o pequeno Gean Andrade estão internados no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo (RJ) e não têm previsão de alta.
A cena emocionante foi registrada por funcionários do hospital. No vídeo, que também foi compartilhado pela TV Tribuna, Nayara falou sobre a recuperação e, em vários momentos, se emocionou.
Ela ainda agradeceu a Deus pela recuperação dela e do filho e aproveitou para pedir justiça pelas mortes de Davi Freire Zerbone, de 4 anos, e do empresário Aleksandro Leão Vieira, 37 – que estavam na lancha –, além de reclamar da falta de assistência dos responsáveis pelo passeio.
“A gente quer justiça pelas pessoas que a gente perdeu, nada vai trazer de volta. Não tem nada que vai amenizar a nossa dor”.
Confira trechos do que ela disse:
A viagem
“Viemos passear, passar o final de semana. A gente ia embora na segunda ou na terça (17 ou 18). Parece que estou sonhando e que a qualquer momento vou acordar e nada disso vai ter acontecido.
Só consigo pensar nos momentos bons que a gente estava tendo. Como as crianças estavam bem desde sexta-feira (14). Também só sei agradecer a Deus porque iam vir mais duas crianças e não vieram. Só Deus sabe o que podia ter acontecido.
O outro casal de amigos também foi embora porque iria trabalhar e tinha outra criança”.
Registro do passeio
“Minutos antes, a gente parou para comprar cerveja, carne para fazer churrasco. Paramos em um beach club. Lá, tinha pula-pula, piscina de bolinha, aí eu filmei o Gean e o Davi brincando (choro). Como eu queria voltar no tempo, não ter entrado naquela lancha. Estava tudo bem, eles estavam gostando do passeio (choro).
O acidente
“A gente estava no passeio e queria ir para outro local. Aí tinha que abastecer a lancha porque não tinha gasolina. O marinheiro (piloto) parou, abasteceu e falou: 'eu vou levantar a tampa do tanque para não explodir'. Ele segurou a tampa por uns cinco segundos e abaixou. Logo que ele foi para frente e deu partida, a lancha explodiu.
Foi uma correria. O Alex (Aleksandro) ficou segurando as crianças, protegendo as crianças. Eu fui a primeira a sair da lancha com o neném (Gean). Dei ele para um cara que estava no deque, foi muito desespero. Eu estava sentindo muita dor.
O meu marido pegou o neném, passou uns 10 minutos e a ambulância chegou. As crianças já entraram na primeira com o Alex. Ficamos esperando a segunda”.
Reencontro com o filho
“Foi muito bom ver que o meu filho está bem, se recuperando, saber que todo mundo está cuidando bem dele. Eu estou bem também, graças a Deus. Está dando tudo certo. O meu coração estava dilacerado. Parece que sou outra pessoa agora. Meu coração deu até uma acalmada, graças a Deus”.
Ir pra casa
“Só quero ir para casa com o meu filho, com minha família. Ele (filho) me reconheceu, abriu os olhinhos, deu tchau para mim. Ele está melhorando. Por um momento eu achei que nunca mais ia ver o meu filho. Eu agradeço a Deus todos os dias pelos médicos que estão cuidando de mim, do meu filho. Eles são muito atenciosos”
Cinco seguem internados
Cinco vítimas da explosão de uma lancha ocorrida no último dia 17, em Cabo Frio, na Região do Lagos do litoral do Rio de Janeiro, seguem internadas.
A direção do Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo (RJ), informou que, de acordo com o último boletim médico, são estáveis os estados de saúde de Ana Livia Pimentel, 5 anos, Nayara Tauslane Andrade, 22 anos, Caroline Pimentel, 28 anos, e Gean Andrade, de 1 ano e 5 meses.
Já a recepcionista Letícia Sampaio, grávida de três meses, que veio transferida de helicóptero para o Estado, segue internada no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Segundo a sua mãe, a servidora pública Valquíria Sampaio, de 47 anos, Letícia está estável e ainda não tem previsão de alta. O bebê está bem.
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