Mãe atropelada com a filha no ES fala pela primeira vez: 'Me despedi em uma maca'
Por causa dos ferimentos, Mara Núbia Borges ainda não consegue andar ou se sentar
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Dois meses após ser atropelada juntamente com a filha em uma faixa de pedestres no bairro Glória, em Vila Velha, Mara Núbia Borges concedeu a primeira entrevista e desabafou sobre a tragédia que resultou na morte da sua filha, Laura Beatriz, de 5 anos de idade.
Ao apresentador Douglas Camargo, em uma reportagem exclusiva da TV Tribuna exibida nesta quarta-feira (23), ela falou sobre o que se lembra sobre o acidente e como está a sua recuperação após o atropelamento.
Por causa dos ferimentos, Mara ainda não consegue andar ou se sentar. Ela conta que, devido à força do impacto, sofreu fraturas na clavícula, no braço, na tíbia e do joelho. Além disso, Mara perdeu os movimentos da mão esquerda e revelou que os médicos avaliam se ela irá precisar uma órtese. "É muito difícil", desabafou.
Acidente
Questionada sobre o que lembra do atropelamento, Mara contou que, antes de atravessar na faixa, fez o acionamento por botão e esperou que o sinal de pedestres ficasse aberto. "Eu lembro que saí do PA com ela [Laura] no colo, porque ela foi medicada e estava meio sonolenta. [...] Sempre atravesso na faixa certinho, apertei o botão, esperei fechar", começou.
Ela contou ainda que um outro carro ameaçou avançar o sinal, mas acabou parando antes da faixa de pedestres. Ela, então, decidiu continuar atravessando — momento em que viu um carro em alta velocidade se aproximando. " Quando eu continuei, ouvi um barulho que eu não sabia de onde vinha. E do nada apareceu esse carro. Ele já estava vindo em alta velocidade e quando percebi, eu tentei sair correndo. Eu não sabia se eu voltava ou se eu saía correndo. Aí eu tentei sair correndo, mas não deu tempo", relembrou, emocionada.
Mara relembra que, apesar de estar ferida, se preocupava apenas com a filha. "Eu não queria saber de mim. Eu via tudo ensanguentado, minha cabeça, meu rosto. Mas eu falava 'eu quero a Laura, eu quero a Laura. Procura ela pra mim'. Tinha muita gente que eu não conhecia, meu esposo começou a gritar na rua. Eu só estava preocupada com ela".
Após o resgate, a mulher retomou a consciência apenas quando já estava na UTI, recebendo oxigênio. Ainda assim, Mara conta que seguia perguntando pela filha.
Despedida
Mara relembrou, emocionada, como foi a despedida da filha, Laura, que morreu dois dias após o atropelamento. O adeus ocorreu com a mulher em uma maca, quando os médicos permitiram que ela segurasse a criança, que estava entubada e era mantida viva apenas por aparelhos.
"Eu achava que ia ver ela viva, mas cheguei lá e ela não estava viva. A última lembrança que eu tenho de ela antes de partir é em cima de uma maca".
Questionada sobre o sentimento em relação ao motorista que causou o acidente, Mara afirmou que não sabe o que dizer. "Eu não tenho palavras. Deus sabe de todas as coisas, Deus está no comando de tudo. Eu não tenho como. Deus age de sua própria forma", desabafou.
RELEMBRE O CASO
Laura Beatriz, de 5 anos e a mãe dela, Mara Núbia Borges, de 35, foram atropeladas enquanto atravessavam na faixa de pedestres na avenida Carlos Lindenberg, em frente ao Pronto Atendimento da Glória, no bairro Glória, em Vila Velha, na noite do dia 21 de agosto.
Em entrevista ao Tribuna Notícias, o pai da Laura, Heidson Fantoni, contou que as vítimas estavam saindo do Pronto Atendimento da Glória, onde procuraram atendimento após a criança relatar dores abaixo do umbigo.
Ele contou que o motorista estava em alta velocidade e fugiu sem prestar socorro. "Eu fui buscar elas e veio um fox preto em alta velocidade, furando o sinal vermelho e bateu. Eu não vi pois estava estacionando o carro, mas levei um susto e quando vi minha filha estava no chão toda ensanguentada. Minha esposa estava mais a frente, eu fiquei desesperado, e o motorista não parou, ele avançou com o carro e foi embora", contou, emocionado.
No dia do acidente, o motorista que causou o acidente se apresentou para a Polícia Militar e foi liberado após pagar uma fiança no valor de R$ 1.500. No entanto, seis dias depois, Wenderson Fagundes Melo de Oliveira foi preso preventivamente.
Wenderson foi denunciado pelo Ministério Público. Na denúncia, é relatado que o motorista estava a uma velocidade entre 87 km/h e 95 km/h, em um trecho onde o limite permitido é de 60 km/h. Em seu juízo pleno, evidenciado pelo resultado negativo do teste do bafômetro e pela capacidade de avistar o semáforo vermelho a 140 metros de distância, o denunciado "ignorou a sinalização, assumindo conscientemente o risco de causar o acidente", segundo consta.
Após o atropelamento, Wenderson fugiu do local sem prestar socorro às vítimas. A denúncia destaca ainda que, ao conduzir intencionalmente um veículo em alta velocidade e desrespeitar a sinalização, ele utilizou um meio que sabia ser perigoso, expondo a risco um número indeterminado de pessoas, incluindo motoristas e pedestres que transitavam ou estavam nas proximidades da via.
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