Juiz capixaba aposentado morre após viagem à África
José Rodrigues Pinheiro morava em Santa Teresa e havia sido convidado para palestra e homenagem em Angola
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Aos 74 anos, o juiz aposentado José Rodrigues Pinheiro morreu nesta segunda-feira (2), depois de ter se sentido mal após ter retornado de uma viagem à Angola, na África. Capixaba, o juiz estava internado há quatro dias em um hospital da capital, mas não resistiu.
Segundo familiares, Dr. Pinheiro, como era conhecido, logo que chegou de viagem, apresentou febre, náuseas e perda de consciência, precisando ser internado, devido ao agravamento do quadro. Durante a internação ainda teve insuficiência renal.
“Um amigo da família levantou para nós a suspeita de que meu tio possa ter tido uma reação à vacina de febre amarela, que ele tomou para poder viajar. Ainda não é conclusivo”, afirmou o sobrinho do juiz, especialista em tecnologia e crimes cibernéticos Eduardo Pinheiro, colunista de A Tribuna.
De acordo com Eduardo, o laudo que vai confirmar a causa da morte deve ficar pronto em 30 dias. O juiz aposentado, que morava em Santa Teresa, na Região Serrana do Estado, havia sido convidado para palestrar e ser homenageado em Angola, motivo que o levou a viajar ao país africano.
Trajetória
De família humilde, José Rodrigues durante a adolescência, na década de 1960, foi vendedor nas ruas de Vitória.
Estudante de escola pública, José Rodrigues teve uma “virada de chave”, segundo relata Eduardo, quando passou no concurso para oficial da Polícia Militar do Espírito Santo. Em seguida, foi aprovado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
No ano de 1984 assumiu o cargo de promotor de Justiça de Minas Gerias, nomeado em razão do concurso de provas e títulos naquele Estado.
No ano de 1986, assumiu o cargo de promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, também por concurso público de provas e títulos.
Foi professor da Ufes nos anos de 1992 a 1994, nas matérias de Direito Penal, Direito Processual Civil e Prática Forense, tendo saído para assumir o cargo de juiz de direito, ao qual se dedicou até o dia 31 de março de 2018.
“Com seu exemplo ele escreveu capítulos decisivos da minha trajetória profissional”, afirma Eduardo Pinheiro.
A morte do juiz foi lamentada pela Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages).
Vacina para proteção contra vírus
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves. A doença é causada por um vírus transmitido por mosquitos, de acordo com o Ministério da Saúde.
A vacina é a principal ferramenta de prevenção da doença, sendo que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta a vacina para toda população, com o esquema de apenas uma dose durante toda a vida.
A médica de Família e Comunidade, mestre e doutoranda em Doenças Infecciosas pela Ufes, Taynah Repsold explica que, geralmente, os efeitos colaterais da vacina são autolimitados, manifestando-se, quando presentes, como febre, cefaleia ou mialgia.
“Eventos adversos graves são considerados raros. A literatura científica aponta que reações como a doença viscerotrópica associada à vacina — uma condição em que há disfunção aguda de múltiplos órgãos — ocorrem em cerca de 1 caso a cada 200 a 400 mil doses aplicadas. Essa incidência pode ser maior em pessoas com fatores de risco específicos, como imunossupressão ou idade acima de 60 anos”.
Entretanto, alerta a médica, especialmente em áreas endêmicas, a vacinação permanece como uma importante medida de prevenção, considerando a elevada letalidade do vírus. “Em caso de dúvidas, é importante buscar orientação médica”.
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