Jovem com bicicleta elétrica atropelado por carro ficou 45 dias "sem pisar no chão"
Adolescente foi atingido em faixa de pedestres e teve fratura na perna
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Há pouco de dois meses, o susto para uma empresária, de 42 anos, veio por meio de uma ligação do telefone do filho, de 16 anos. Uma pessoa contava que o adolescente havia sofrido um acidente na avenida Dante Michelini, em Camburi, Vitória.
A empresária, que preferiu não se identificar, revelou que o acidente aconteceu quando a bicicleta elétrica e o estudante foram atingidos por um carro na faixa de pedestres. Ela afirma que o sinal estava vermelho para o veículo.
Os reflexos ainda são sentidos pelo adolescente.
A Tribuna - Como aconteceu o acidente com o seu filho?
Empresária - O acidente foi no dia 30 de janeiro deste ano. Como ele estava de férias, sempre ia dar uma volta com a bicicleta elétrica. Naquele dia, ele estava vindo me encontrar no meu trabalho, passando pela avenida Dante Michelini, sentido Serra.
Quando ele foi atravessar, esperou o final fechar para os carros e aguardou. Um dos carros não parou e atingiu a bicicleta.
O motorista estava em alta velocidade?
Ele avançou o sinal, mas parou para socorrer meu filho. Estava muito assustado também. Meu filho, na hora, achou que só a bicicleta tinha sido atingida. Não se deu conta.
Ele não sentiu na hora?
Não. Porque ele não chegou a cair. Quando sentiu a pancada, ele conta que pensou “foi só a bicicleta”, mas só quando foi tentar colocar o pé no chão, que percebeu a fratura na perna. A bicicleta entortou toda.
A pessoa que socorreu me ligou na hora do telefone dele. Eu só perguntei se ele bateu a cabeça e as costas, e me disseram que não. Então fomos para o hospital.
Ele precisou de cirurgia?
Sim. O médico disse que ele tinha quebrado a tíbia (osso na perna). Então, no dia seguinte, passou por cirurgia para colocar platina.
Ele fazia esse trajeto de bicicleta elétrica sempre?
Sempre. Temos a bicicleta elétrica há três anos, bem antes de se popularizar aqui. Viemos de outro estado, então, quando a gente chegou, quase ninguém tinha.
Mas meu filho sempre usou a bicicleta e sabe muito bem circular com ela. Orientamos e sempre conversamos sobre isso.
Ele costuma usar algum tipo de proteção, como capacete?
Na verdade, ele não usava, mas sempre foi muito tranquilo para ele, pois sei que é um menino que tem consciência de como está andando, é atento e tem senso de responsabilidade.
O que aconteceu não foi algo que ele causou ou que não se atentou. Ele foi atingido realmente quando o sinal estava aberto para ele.
E depois da cirurgia, como ficou?
Ele ficou dois dias internado, depois ficou um mês e meio de muletas. Meu filho ficou 45 dias sem pisar no chão para se recuperar da cirurgia.
E já voltou às atividades?
Ainda está mancando, mas está calcificando o osso certinho. Como é atleta, já começou a correr novamente e fazer alguns exercícios, mas tudo aos poucos. Às vezes, ainda tem inchaço no local, mas nada diferente do esperado para a lesão dele.
Sobre o aumento das bicicletas elétricas em circulação, acredita ser preocupante?
Sim. Não é o caso do meu filho, mas vejo que muitos adolescentes acreditam que podem fazer tudo, que eles têm tudo na mão e que os pais não orientam.
Se não tiver esperteza e responsabilidade para circular por ruas e avenidas, vão acontecer tragédias.
ES já tem mais de nove mil veículos nas ruas
Batendo recorde de vendas a cada ano, cerca de 9 mil bicicletas elétricas já estão em circulação no ES, segundo especialistas.
Dados da Associação Brasileiras do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) – que monitora os dados do mercado – apontam que em 2016 eram 7.600 bicicletas elétricas produzidas ou importadas em todo o País.
No início de 2025, a projeção feita é que o País tenha chegado a 300 mil bicicletas elétricas.
Entre os motivos para o impulso na compra dos equipamentos, está a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 2023 – que estabeleceu uma série de regras para veículos elétricos.
No caso das bicicletas elétricas, como elas se equiparam às demais bicicletas, não há exigências de carteira de habilitação. Além disso, elas podem circular em ciclovias e ciclofaixas.
Um outro levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) ainda aponta que as bicicletas elétricas mantiveram sua curva ascendente de produção.
No primeiro bimestre deste ano, foram produzidas 4.584 unidades, aumento de 72,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A categoria representa 8,5% do volume total de bicicletas produzidas. No ano passado, esse índice era de 4,9%.
Fique por dentro
Outros elétricos
Patinetes
Chamados de equipamentos de mobilidade individual autopropelido – como os patinetes elétricos e as “mini-scooters” –, esses veículos podem ter potência máxima de até 1.000 watts e velocidade de até 32 km/h.
Já a largura não pode ser superior a 70 cm.
As regras de circulação são as mesmas de bicicleta, podendo circular ciclovias, ciclofaixas e em vias com velocidade máxima de até 40 km/h.
Não há limitação quanto à idade, mas é indicado estar com equipamentos de segurança.
Ciclomotores
Conhecidos como motos elétricas, são veículos de dois ou três rodas e com motor de combustão interna de até 50 cilindradas ou de motor de propulsão elétrica com potência de até 4 quilowatts. Velocidade máxima é de 50 km/h.
Os condutores só podem circular usando capacete e com calçado que se firme nos pés.
Devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento. É proibida a circulação sobre as calçadas, ciclovias e ciclofaixas.
É necessário ser habilitado na categoria A ou ter Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC).
Os ciclomotores devem ser registrados, licenciados e emplacados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES). Ciclomotores novos ou com número de identificação veicular (VIN) já devem ser registrados e emplacados. Aqueles fabricados ou importados até o dia 3 de julho de 2023, o prazo é até 31 de dezembro.
Cuidados
No trânsito
Especialistas apontam que, com o crescimento de equipamentos, como bicicletas e patinetes elétricos nas vias, até mesmo por adolescentes, é necessário que os condutores de outros veículos motorizados, redobrem a atenção, especialmente em regiões perto das escolas.
Da mesma forma, os pais devem orientar os filhos que usam esses elétricos para os cuidados com pedestres e nas vias. Também devem garantir o uso de equipamentos de segurança, como capacete.
Aumento de furtos e roubos
A popularização dos veículos elétricos e o valor deles também têm levado ao aumento de furtos e roubos desses equipamentos.
Orientações
Ao sair da escola, academia ou do trabalho nas bicicletas elétricas não use fones de ouvido, pois eles diminuem o nível de alerta da pessoa.
Esteja sempre alerta na volta para casa, verificando o comportamento das pessoas. A recomendação é dar meia-volta caso haja alguma atitude suspeita.
Evite locais desertos, principalmente, se estudar a noite.
Tenha cadeados e correntes reforçados para garantir a segurança dos equipamentos.
Em caso de assalto, não reaja e registre o boletim de ocorrência.
Fonte: Especialistas citados na reportagem e polícia.
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