Família de motorista morto em acidente com grupo de dança no Sul do ES pede justiça
Vanderlir Müller conduzia o ônibus que levava o grupo Bergfreunde, de Domingos Martins. Família esteve na Missa em Memória das Vítimas de Trânsito
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Familiares e amigos das vítimas que perderam a vida no trânsito estiveram neste domingo (4) no Campinho do Convento da Penha, em Vila Velha, para a celebração da tradicional "Missa em Memória das Vítimas de Trânsito". A técnica contábil Alessandra Müller, de 43 anos, lembra e põe em oração o irmão Vanderlir Müller, que faleceu em 2017, aos 34 anos, vítima de um acidente de trânsito, e desde então a família luta para que o responsável pague pelo que fez.
Ela conta que o irmão era motorista e amava o que fazia. Vanderlir era o motorista do micro-ônibus que levava o grupo de dança Bergfreunde, de Domingos Martins, na região Serrana do estado, e pegou fogo após um acidente na BR-101, no Sul do Espírito Santo, na altura do km 450, em Mimoso do Sul, em 2017. Eles voltavam de uma apresentação em Juiz de Fora, Minas Gerais.
“Ele estava dirigindo o micro-ônibus, voltando de quando Juiz de Fora, quando um caminhão carregado com chapas de granito estava ultrapassando outro veículo, no sentido Rio, quando perdeu o controle, invadiu a contramão e colidiu com o micro-ônibus que vinha em sentido contrário. Além dele, mais 10 pessoas morreram. O motorista do caminhão carregado foi detido, mas foi liberado e está solto até hoje. Uma audiência está marcada para acontecer, mas até agora ninguém foi responsabilizado. Já são sete anos de luta”.
O evento, que acontece pelo 18º ano, marca o Dia Estadual em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito, estabelecido pela Lei Estadual nº 9.689/2011. Além de ser uma oportunidade para lembrar dos entes já falecidos, é também uma oportunidade de reforçar a importância de a população refletir sobre a defesa de um trânsito mais seguro.
A mãe e dona de casa Gessyane da Silva Alves, de 48 anos, também perdeu a filha Luma Alves, de 19 anos, por imprudência no trânsito. Ela e a amiga Natiele Lima dos Santos, também de 19 anos, universitárias, morreram após uma batida de carro na na Rodovia Norte Sul, na altura do bairro Jardim Limoeiro, na Serra, em abril deste ano.
“Elas saíram para uma festa da faculdade do irmão da Luma e na volta, na madrugada, o condutor estava embriagado e eles sofreram um acidente. As duas morreram no local. Meu filho também ficou machucado. O motorista foi preso, mas logo foi solto pois o juiz não achou provas para manter ele preso. Desde então luto por justiça, para que o responsável pague”.
Além de Gessyane, o torneiro mecânico Emerson Alves, de 50 anos, pai da Luma, e Ataíde Augusto de Souza, de 54 anos, pedreiro, amigo da Luma, também estiveram presentes na missa lembrando da vítima e pedindo por justiça.
“Perder um ente querido no trânsito é uma dor que atinge muitas famílias, e a missa é uma forma de celebrar o amor eterno que perdura nos corações dessas pessoas, além de ser uma oportunidade para reforçar a importância de a população refletir sobre a defesa de um trânsito seguro”, destaca o senador Fabiano Contarato, que é um dos idealizadores da celebração e atuou por mais de 10 anos na Delegacia de Delitos de Trânsito.
Contarato reforça que a missa mantém viva a memória de todas as vítimas e fortalece a mensagem de responsabilidade e segurança no trânsito. “A missa é um ato simbólico para a promoção da conscientização pública sobre o tema, bem como para amparar as famílias que sofrem com a dor da perda de um ente querido. Vivi de perto a desoladora situação das vítimas de acidentes de trânsito e de suas famílias. O Brasil é um dos países que mais matam no trânsito; a conscientização sobre os riscos de comportamentos irresponsáveis ao volante e a promoção de uma cultura de segurança e responsabilidade são fundamentais para proteger vidas e garantir a segurança de todos os usuários das vias públicas. Um trânsito seguro é direito de todos e dever do Estado”, frisa o parlamentar.
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