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Fala Doutor

Vontade constante de urinar é sinal de bexiga hiperativa

A doença pode atrapalhar o sono, já que a pessoa acorda várias vezes para ir ao banheiro, além de causar ansiedade


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Você já sentiu vontade de fazer xixi a ponto de parecer que não vai conseguir segurar até chegar ao banheiro?  Essa urgência em urinar, se for frequente, mesmo que a bexiga não esteja cheia, pode ser sintoma da bexiga hiperativa.

A doença pode atrapalhar o sono, já que a pessoa acorda várias vezes para ir ao banheiro. Além disso, segundo o urologista Henrique Barbosa de Menezes, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, a condição pode causar ansiedade e depressão.

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O médico, que também é mestre em Urologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destaca que a síndrome é mais comum em mulheres.

Imagem ilustrativa da imagem Vontade constante de urinar é sinal de bexiga hiperativa
Henrique Menezes destaca que a síndrome é mais comum em mulheres |  Foto: Heytor Gonçalves / AT

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, 15% das mulheres a partir dos 35 anos de idade têm algum grau de perda urinária e 17% de toda a população feminina possui bexiga hiperativa ou incontinência urinária de urgência.

A Tribuna – O que é a bexiga hiperativa?

Henrique Menezes – É uma síndrome, doença, que apresenta sintomas de armazenamento. O principal sintoma é a urgência para urinar, que é a vontade muito forte de ir ao banheiro, sendo necessário ir de imediato, senão pode haver a perda da urina. 

Essa urgência pode ser com incontinência (perda involuntária da urina) ou sem incontinência. Geralmente, está associada a uma frequência urinária aumentada, a nictúria (acordar à noite para urinar) e, às vezes, com perda de urina, tendo descartado outras doenças que  causam os  sintomas.

Ela pode ser confundida com incontinência urinária?

Pode, porque, em alguns momentos, a urgência pode ser tão forte e pode vir com incontinência também.

Quais os principais sintomas?

Os principais sintomas são parecidos com a infecção de urina: urgência para urinar, com incontinência ou sem; frequência urinária aumentada; acordar várias vezes à noite; uma sensação de peso na região da bexiga e,  às vezes, até dor. Lembra a infecção de urina, mas o exame dá negativo para a infecção.

Quais os fatores para a bexiga hiperativa?

Existem alguns fatores: pessoas com obesidade, com diabetes e tabagistas têm mais chance de ter a síndrome. Às vezes, a pessoa tem a bexiga hiperativa e não se descobre uma causa específica, quando chamamos de bexiga hiperativa  idiopática. 

É claro que sempre antes do diagnóstico de bexiga hiperativa temos de descartar outras doenças, como infecção urinária, cálculo urinário na bexiga ou um câncer de bexiga. Tudo isso têm de ser descartado para podermos pensar que o problema é uma bexiga hiperativa.

Homens ou mulheres são mais afetados pela doença?

É mais comum em mulheres, mas os homens também podem ter. Quando os homens têm, geralmente está associada à próstata aumentada. Normalmente, a síndrome também está mais ligada a idades mais avançadas, idosos e  mulheres pós-menopausa.

É uma doença que pode, então,  impactar o sono?

Sim. Como ocorre o aumento da frequência urinária, o paciente acaba acordando à noite para urinar, não dorme bem e atrapalha o sono, impactando as atividades no dia seguinte.

Certos tipos de alimentos podem piorar os quadros de bexiga hiperativa? 

Cafeína, chocolate, bebidas cítricas, limão e laranja podem, sim, piorar os sintomas.

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico é clínico. Precisamos primeiro descartar alguns problemas primeiro, como a infecção de urina, cálculo, câncer de bexiga.

E o tratamento?

Já o tratamento tem várias etapas. Inicialmente, adotamos medidas comportamentais: controle de ingesta de água, alimentação, fisioterapia pélvica, que é importante e ajuda melhorar bastante.

Numa segunda linha, existem medicações que podem ser usadas para poder  tranquilizar a bexiga. Podemos até fazer botox na bexiga, numa linha mais avançada,  para poder acalmá-la. Há também outros tratamentos mais invasivos. 

Isso tudo vai depender do grau de bexiga hiperativa e do grau de refratariedade ao tratamento, sempre do menos invasivo para o mais invasivo. 

Atividades físicas são recomendadas para esses casos?

A atividade é muito importante. O paciente deve buscar perder peso, controlar as comorbidades,  o diabetes e a obesidade.

Qual impacto dessa doença?

O grande problema da bexiga hiperativa é que ela causa muito impacto na vida da mulher. Ela acaba perdendo urina, acorda muitas vezes à noite. Isso impacta nas atividades diárias, de trabalho e de lazer.

A doença pode evoluir para um câncer?

Não. Mas quem tem um câncer de bexiga pode ter sintomas iguais aos de bexiga hiperativa.  

PERGUNTA DA LEITORA

A bexiga hiperativa pode estar relacionada com quadros de ansiedade e depressão?

Erica Nascimento, 40 anos, professora

Imagem ilustrativa da imagem Vontade constante de urinar é sinal de bexiga hiperativa
Fala, doutor! Bexiga Hiperativa Erica Nascimento, professora, 40 anos |  Foto: Acervo Pessoal

Sim. Ansiedade e depressão são fatores de risco para a bexiga hiperativa, já que o corpo pode apresentar algumas manifestações.  Tanto  depressão e ansiedade podem causar a bexiga hiperativa quanto a bexiga hiperativa também pode gerar ansiedade e depressão.

>>> FIQUE POR DENTRO

Na Bexiga hiperativa, a urgência, que é o principal sintoma, é definida como o desejo súbito e compulsivo de urinar. 

Quem sofre da doença costuma acordar à noite para urinar (e o sono é prejudicado). Além disso, é comum necessitar ir ao banheiro para urinar mais de sete vezes em um só dia.

Pessoas com depressão têm três vezes mais chances de desenvolver bexiga hiperativa. Idade acima de 75 anos, artrite, terapia de reposição hormonal oral e obesidade também são fatores de risco.

O tratamento costuma ser muito efetivo e inclui restrição da ingestão de líquidos no final da tarde (para evitar micções noturnas), exercícios para fortalecer o assoalho pélvico e uso de medicamentos. O urologista é o especialista recomendado para avaliar e tratar os sintomas.

nictúria  - Aumento da frequência noturna das micções.

refratariedade - Obter resultados pouco satisfatórios ao tratamento.

OS NÚMEROS

> 10 milhões de pessoas não conseguem controlar quando irão ao banheiro

> 15% das mulheres, a partir dos 35 anos, têm algum grau de perda urinária

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