Escolas do Espírito Santo vão rever regras para uso de celular
Levantamento do Pisa apontou que a utilização em excesso do aparelho pode ser prejudicial por distrair alunos em sala de aula
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O uso em excesso do celular na sala de aula pode ser prejudicial ao distrair alunos do conteúdo ministrado, apontaram resultados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa) de 2022. Por isso, instituições no Estado pretendem alterar regras de uso neste ano.
No Centro Educacional Sonho Meu (Cesm), em Cariacica, por exemplo, o uso do celular só é liberado no recreio, segundo a diretora da instituição, Edna Tavares. Para 2024, a proposta é excluir a utilização por completo.
“Já preparamos uma enquete para as famílias e decidimos juntos pelo uso parcial ou não dos aparelhos na escola. O colégio e os professores optam pelo não uso, e a liberação seria somente com a solicitação do professor para alguma aula que exigisse o uso do aparelho”.
No Colégio Salesiano Nossa Senhora da Vitória, na capital, a diretora pedagógica Cristina Vargas afirmou que usar o dispositivo em sala de aula é proibido. No entanto, em momentos de entrada, recreio e saída, os alunos podem operá-lo.
“Por mais que seja permitido no intervalo do recreio, vemos que poucos alunos fazem o uso do celular. A escola tem um espaço muito grande e aberto, com redes de vôlei, mesas de futevôlei e totó, e, assim, os estudantes acabam se distraindo. Nós também acompanhamos o recreio e sempre puxamos conversa com aqueles que ficam em aparelhos, incentivando-os a interagir”.
Juliana Rohsner, secretária de Educação de Vitória, afirmou que enxerga a tecnologia como aliada na educação. Nas escolas, os dispositivos são permitidos para uso pedagógico nas salas de aulas. Em recreios, também são liberados.
“Não proibimos, pois os alunos precisam se comunicar com as famílias, mas não permitimos o uso desregrado. É proibido o uso na sala de aula fora de uma atividade proposta pelo professor”, afirmou.
Ela disse que sempre são realizadas palestras sobre o uso correto da tecnologia e a importância de ressignificar momentos de vínculo, em que os pais dos alunos participam.
Em relação a este ano letivo, Juliana disse que haverá uma reunião com os diretores das escolas para definir as diretrizes futuras.
FIQUE POR DENTRO
Utilização de forma saudável
Uso de celular nas escolas
Rede municipal
Vitória: É permitido em sala de aula para atividades pedagógicas e nos recreios. Sempre são realizadas palestras sobre a utilização correta da tecnologia e a importância de ressignificar momentos de vínculo, em que os pais dos alunos participam.
Serra: Durante o horário escolar, é proibido para fins particulares. O aparelho, porém, pode ser operado como recurso pedagógico de acordo com o plano de aulas do professor.
Cariacica: Liberado apenas para uso pedagógico, em determinados momentos, orientado por um profissional. Para este ano letivo, a secretaria de Educação vai avaliar novamente o manuseio dele em ambiente escolar.
Vila Velha: É considerado ato indisciplinar a utilização de objetos eletroeletrônicos nas dependências das instituições escolares, tais como celulares, notebook, tablet e fones de ouvidos. Celular pode ser utilizado com autorização prévia pelo professor para fins pedagógicos.
Rede estadual
Celular pode ser usado na sala de aula como ferramenta didática, orientado pelos professores.
Particulares
Centro Educacional Sonho Meu (Cesm): Aparelho só é liberado no recreio, porém, para este ano, a proposta é excluir o uso por completo durante o horário escolar.
Colégio Salesiano: Celular é proibido em sala de aula e liberado no recreio. Se a utilização do aparelho aumentar nos intervalos, a escola pensará em uma intervenção.
Colégio Sagrado Coração de Maria: Aparelho é permitido apenas quando solicitado pelo professor para fins de atividade pedagógica dentro de sala de aula.
Consulta pública sobre proibição de aparelhos em colégios no Rio
Nada de celular na escola neste ano, nem no recreio e nem nos intervalos entre as aulas. É isso o que a prefeitura do Rio de Janeiro está propondo.
Uma consulta pública sobre o assunto teve início nos últimos dias, sendo que em agosto de 2023 foi publicado um decreto do prefeito Eduardo Paes proibindo o uso dos aparelhos na sala de aula.
Segundo a prefeitura, o banimento completo do uso do aparelho está de acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2023 da Unesco, o qual informa que a utilização irrestrita de telefones móveis é negativa para a aprendizagem, a concentração e até mesmo para a saúde das crianças.
É válido ressaltar que a proposta também conta com exceções: a utilização do celular e de outros dispositivos móveis será permitida quando tiver finalidade pedagógica com autorização e supervisão do professor.
Também serão liberados para alunos que têm problemas de saúde e deficiência e, assim, necessitam desse tipo de aparelho para auxílio.
Relatório
O relatório da Unesco apresentou conclusões, como o fato de que o tempo de exposição das crianças em frente às telas aumentou depois da pandemia.
De acordo com uma pesquisa divulgada no documento, o tempo de exposição de pequenos de 3 a 8 anos aumentou em 50 minutos, tanto para o campo da educação quanto para o do lazer.
“O tempo prolongado de exposição à tela pode afetar de forma negativa o autocontrole e a estabilidade emocional, aumentando a ansiedade e a depressão. Poucos países têm normas rígidas sobre o tempo em frente à tela”, informou o relatório.
Também foi explicado que menos de um em cada quatro países tem leis que proíbem o uso de smartphones nas escolas.
“A Itália e os Estados Unidos proibiram o uso de ferramentas ou redes sociais específicas nas escolas”, detalhou o documento.
Pisa
O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa) avalia conhecimento e habilidades de estudantes de 15 anos em Matemática, Leitura e Ciências.
É realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avalia vários países.
Alguns resultados
O estudo informou que oito em cada 10 alunos brasileiros de 15 anos se distraem com o uso de celulares nas aulas de Matemática.
No ranking geral da disciplina, sete em cada 10 estudantes brasileiros não sabem o básico esperado, ou seja, 73% deles não conseguem resolver contas simples.
O estudo também mostrou que alunos que passam muito tempo conectados também afetam a atenção dos seus colegas.
Recomendação
A OCDE recomenda que os celulares não sejam excluídos nas escolas e sim que estas estimulem o uso da tecnologia para o aprendizado.
Fonte: Prefeituras e escolas consultadas, além de pesquisa A Tribuna.
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