Duas paixões: médica capixaba se divide entre o consultório e os palcos
Médica no dia a dia e cantora aos finais de semana, Juana Zanchetta se dedica em sua rotina para conciliar as duas áreas
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No dia a dia, Juana Zanchetta Vieira, de 37 anos, cuida da saúde de mulheres e ajuda vidas a virem ao mundo. Nos finais de semana, porém, ela veste uma roupa colorida, sobe no palco e leva diversão ao público, com músicas animadas junto à sua banda.
Nessa vida dupla, em que se divide entre a função de médica ginecologista e obstetra e a de cantora, Juana se sente realizada e orgulhosa. Ao jornal A Tribuna, ela comentou sobre essas duas paixões.
Juana admite que a rotina é puxada, já que para trabalhar com dois campos tão diferentes é necessário ter muita dedicação.
“Minha rotina é um tanto quanto agitada. Sou concursada na prefeitura, onde atuo como ginecologista, tenho meu consultório, sou plantonista de maternidade e faço três plantões semanais. Nisso tudo, ainda sou mãe de uma criança e ainda participo de ensaios, que faço uma vez por semana. No tempo livre, há conversas sobre repertório, logística…”, contou.
“Os shows ficam mais para o final de semana, sexta, sábado e domingo. Tento não pegar muitos plantões para deixar o tempo livre para as apresentações”, completou.
A junção de áreas faz parte da vida de Juana desde muito cedo. Ela começou a carreira na música em 2007, cantando no Bloco Bleque, que a artista define como um “caldeirão de ritmos”. Em 2008, ela iniciou a faculdade de Medicina.
Em 2015, foi fazer residência em São Paulo. Mesmo assim, a música a acompanhou. “Ainda em Vitória, resolvi começar o meu projeto solo, fazendo umas rodas de samba e eventos particulares. Quando fui para São Paulo, continuava vindo para cá para tocar com o Bloco Bleque, e também seguia individualmente lá. Fiz participações com o pessoal do samba e iniciei um projeto pé-de-serra”.
Para seu projeto individual, sempre se lançava como “Juana Zanchetta e Banda”. Ao voltar do estado paulista, resolveu chamar seu trabalho de SambaJu.
Ao longo de 2024, Juana não ficou parada e animou diferentes eventos, como a Arena Verão, o festival musical Delírio Tropical e a Roda de Boteco. E, no final do ano, seguiu com mais ideias: bolou o projeto “Bloco SambaJu”.
Enquanto no SambaJu ela trabalha mais com samba e forró, o Bloco SambaJu também engloba axé e músicas carnavalescas.
“Muitas pacientes vão aos shows”
A Tribuna - Por que decidiu ser médica?
Juana Zanchetta - Sempre quis fazer Medicina! Quando adolescente, me encantava com hospital. Na época de cursinho, falava que queria vestir aqueles macacões do Samu e ajudar a socorrer.
E por que obstetrícia e ginecologia?
Ao entrar na faculdade, o desejo era atuar com cirurgia geral. Mas, durante o estágio, me encantei com o primeiro parto que realizei. No estágio, também passei pelo ambulatório de ginecologia para adolescente e gostei bastante.
E a música?
A música sempre fez parte da minha vida. Meu pai tocava violão e fazia parte de uma banda de rock! Ele fazia festa com meus tios. Tocavam violão, instrumentos de percussão, atabaque, afoxé, e cantavam músicas dos anos 60, 70.
Na adolescência, eu e minhas irmãs incentivamos meu pai a tocar cavaquinho e começamos a fazer mais samba. Entrei na capoeira muito jovem, onde aprendi a tocar instrumentos percussivos, como pandeiro. Minhas irmãs também cantam bem, meus tios, tias. Sempre vivi nesse meio.
Como começou sua história no Bloco Bleque?
Fui convidada pelo Gustavo Macacko, que me conhecia da capoeira. Ele sabia que tínhamos roda de samba em família e me convidou.
Depois que fez a residência, você lançou o SambaJu, e ano passado, o Bloco SambaJu.
Sim! O Bloco rodou no verão. Fizemos uma temporada de ensaios abertos no Brizz e fez sucesso. Também tivemos convidados especiais! Quando trazemos pessoas diferentes, a gente enriquece.
A arte acaba te ajudando no dia a dia como médica?
A música me conecta com as pessoas de uma forma muito bacana, e isso dentro do consultório também. Me faz ser mais humana na relação com os pacientes.
Suas pacientes sabem que você canta?
Todo mundo que me conhece sabe que sou cantora, não escondo. Tem pessoas que me procuram no consultório, porque me conhecem do Instagram como artista. Isso traz verdade para a relação de confiança de médico e paciente.
Suas pacientes vão aos shows?
Muitas vão e viram fãs do projeto musical. Acho bacana demais! Isso mostra um outro lado da medicina, mais humano e verdadeiro, sem barreira entre as relações. Mostra que o médico não está em um pedestal, mas é acessível. Que é uma pessoa que está ao seu lado e vai ajudar a fortalecer sua saúde.
Você se completa sendo médica e cantora?
Sim! Depois de um tempo entendi que sou uma profissional da música. Antes, tinha a ideia de que era um hobby, mas compreendi que precisava me profissionalizar. Quando assumi isso, passei a me ver melhor. Sou os dois. Em nenhum momento deixo de ser médica para ser cantora, e não deixo de ser cantora para ser médica.
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