Comportamento dos filhos vira alvo de brigas em guarda compartilhada
Casos vão parar no Judiciário, afirmam advogados
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Após relacionamentos frustrados, a guarda compartilhada de filhos não é uma tarefa fácil para muitos pais. Até mesmo o mau comportamento das crianças vira motivo para conflitos, que vão parar na Justiça.
O ator e cantor Arthur Aguiar e a influenciadora Maíra Cardi trocaram farpas, nesta semana, após o vídeo da filha deles, de 5 anos, viralizar. Nas imagens, a criança fala que o telefone do cozinheiro do pai era de “pobre” e mostra o seu, dizendo ser mais bonito.
O cozinheiro se manifestou e disse não ter se incomodado, já que os dois “debocham” assim sempre. Já Maíra disse que a criança não volta da casa do pai como vai e disse não aceitar esse comportamento em sua casa.
Mas as queixas de mau comportamento quando crianças estão na casa de um ou de outro não ocorre só no mundo dos famosos.
O presidente da Comissão de Direito de Família e Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional capixaba, Igor Pinheiro de Sant'Anna, afirmou que a convivência dos pais divorciados é um tema que frequentemente gera conflitos.
“Em casos de mau comportamento do filho, é crucial que ambos os pais mantenham uma comunicação clara e constante, buscando uma abordagem unificada para a disciplina e a correção.”
O advogado ainda acrescentou que quando os pais não conseguem chegar a um acordo, o judiciário pode ser acionado para decidir sobre questões específicas da educação, embora esse não seja o cenário desejado.
“O juiz, ao decidir, sempre prioriza o melhor interesse da criança. Para o desenvolvimento saudável dos filhos, é essencial que os pais mantenham uma postura coerente e respeitosa um com o outro.”
A advogada e presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Estado (IBDFAM-ES), Flávia Brandão, também pontuou que não é incomum pais não conseguirem consenso sobre a educação dos filhos e buscarem a solução atraves do judiciário.
“Quando os genitores se mostram incapazes de decidir de forma consensual sobre o mínimo, pode-se pensar para além do judicial, como terapia familiar, mediação ou outro método que possa levar os pais ao entendimento.”
A advogada Fabiana de Resende explicou que a guarda compartilhada é a modalidade em que ambos os pais dividem a responsabilidade e as decisões sobre a vida dos filhos.
Até escola e religião viram motivo de conflitos
Além do comportamento e da forma de educar, a escola e a religião estão entre os motivos de conflitos comuns entre pais que compartilham guarda.
O presidente da Comissão de Direito de Família e Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional capixaba, Igor Pinheiro de Sant'Anna, revelou que as divergências sobre a melhor escola – que, em tese, na guarda compartilhada, deve ser definida em conjunto – são algo comum.
“Há questões sobre o ensino religioso que é dado aos filhos, por exemplo, quando os pais divorciados têm religiões diferentes.”
A advogada Fabiana de Resende apontou que, entre os conflitos mais frequentes, estão as divergências sobre educação, como qual escola os filhos vão estudar e quais as atividades extracurriculares eles farão, além de discussões em relação a incompatibilidades sobre horários de sono, tempo de tela, tarefas domésticas, rotinas diárias e alimentação.
“A divisão sobre o tempo durante feriados e férias escolares e eventos importantes, como quem poderá ir no Dia da Família à escola, também entram na lista.”
As Varas de Família, relatou, estão lotadas de processos em que os pais entregam a vida dos filhos para juízes e promotores decidirem. “Pessoas que nunca conviveram com seus filhos vão ter que decidir questões do dia a dia que cabem aos pais”.
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