Capixaba vai cantar na Europa: "A música realizou os meus sonhos"
O cantor lírico Samuel Barbosa ganhou uma bolsa de estudos na Alemanha por 15 dias. Nesse período, vai se apresentar na França
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O estudante da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) Samuel Wallace Barbosa foi selecionado pela Academia Canto Mozarteum, junto com mais quatro cantores brasileiros, para receber uma bolsa de estudos na International Chorakademie, escola alemã que seleciona jovens do mundo inteiro para estudos intensivos, ensaios e apresentações de canto coral e performances individuais.
Foram 122 inscritos e Samuel foi um dos cinco selecionados. Ele vai para a Europa em setembro, onde ficará por cerca de 15 dias. Nesse período, irá se apresentar na Filarmônica de Paris, em um concerto que terá repertório romântico, como Samuel disse.
Samuel alcançou o segundo lugar masculino no 3º Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha 2024, realizado pelo Conservatório de Música e Teatro de Tatuí, em São Paulo.
Além de garantir o segundo lugar, Samuel, que tem 23 anos e está cursando o 6º período de Canto Erudito na faculdade, também recebeu o Prêmio Maria Callas, garantindo seu acesso direto à semifinal do Concurso Maria Callas 2025, da Companhia de Ópera de São Paulo.
O Concurso Joaquina Lapinha oferece visibilidade a jovens cantores pretos, pardos, indígenas e de outras minorias raciais do Brasil. “Esse concurso tem esse objetivo para os cantores pretos, pardos e indígenas. A gente vê no palco uma supremacia de pessoas brancas. No Brasil, são convidados cantores italianos, franceses”, destaca o cantor.
Interesse
Ele começou a se interessar por canto lírico a partir dos 13 anos, quando participou de um projeto da Vale. Até tocava alguns instrumentos, mas o desejo dele, que revelou para a mãe, era cantar. “Foi realmente um chamado”, disse Samuel.
O cantor lírico disse ainda que participou do Natal Iluminado da Rede Tribuna em 2017. Três anos depois, em 2020, ingressou na Fames.
“Realmente o canto lírico é um chamado. Tem umas pessoas que são chamadas para cantar e para levar um pouco do canto lírico. E eu sinto que é o meu chamado e um pouco do que Deus me chamou para fazer também.”
“Meu sonho de criança sempre foi viajar, e olha onde estou indo: para a Europa!”, afirma Samuel, que vai fazer sua primeira viagem internacional. No dia da entrevista, ele contou que estava providenciando seu passaporte.
“A música realizou meus sonhos”
A Tribuna- Como tudo começou?
Samuel Wallace Barbosa- Eu tenho 23 anos. Nasci na Serra. Iniciei os meus estudos musicais no projeto social Vale Música, com 12 anos. Já cantava na igreja, mas musicalmente mesmo, comecei nesse projeto, onde tive as minhas primeiras oportunidades.
Digo que a música realizou meus sonhos e ainda está realizando. Fiz as minhas primeiras apresentações como cantor de coro e cantor solista principalmente na música popular, onde comecei.
Você cantava no coro e no solo?
A gente cantava no coro e no solo. Tive a oportunidade de viajar para Minas Gerais, depois com o grupo vocal a gente cantou no Rio de Janeiro. Fiquei quase 10 anos no projeto. Saí ano passado. No projeto, comecei a ter contato com a música e com o lírico.
De que forma?
O meu primeiro contato com uma cantora lírica foi com minha primeira professora de canto, a Natália Hubner. Ela foi no Vale Música, cantou um repertório, a gente teve um momento em que a gente fez várias perguntas. Eu estudei seis meses, em 2018, canto lírico, separado. Depois ela me passou para o professor dela, que é o Licio Bruno. Ele já tinha me escutado no Natal Iluminado da Rede Tribuna. Eu cantei no coro, enquanto ele estava fazendo o solo.
E quais foram seus passos seguintes?
Iniciamos um trabalho. Eu ingressei em 2020 na Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) e o Licio passou a ser meu professor na faculdade. E eu mudei meu bacharelado para canto lírico, pois vi que realmente é isso que quero fazer da vida.
Como você define sua trajetória com o canto lírico?
Realmente o canto lírico é um chamado. Não temos um contato muito longo das pessoas com o canto lírico. Mas tem umas pessoas que são chamadas para cantar e para levar um pouco do canto lírico. E eu sinto que é o meu chamado e um pouco do que Deus me chamou para fazer também.
E como é levar esta arte para o grande público?
Nós nos esforçamos muito para levar essa arte e todos entenderem. Esse concurso tem esse objetivo para os cantores pretos, pardos e indígenas. A gente vê no palco uma supremacia de pessoas brancas, no Brasil, são convidados cantores italianos, franceses.
A grande diferença é que, por nós sermos miscigenados, as nossas vozes são muito raras e muito especiais.
Você tem dentro da música os que definem: você é um tenor de voz leve, você é um tenor de voz pesada, com uma ponta, com um brilho. Por exemplo, eu sou um tenor com uma voz cheia, mas leve nos agudos. É uma ambiguidade. O professor de canto tem esse desafio no Brasil.
O que a música significa para você?
A música realmente dá essa possibilidade da gente conquistar sonhos e voar alto. Meu sonho de criança sempre foi viajar, e olha onde estou indo: para a Europa, me apresentar em duas cidades da Alemanha e conhecer Paris!
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