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Cidades

Bairros da Grande Vitória têm mais de 1.200 pessoas morando nas ruas

Abandono familiar, desemprego, uso de drogas e problemas psicológicos estão entre os motivos que levam a essa realidade


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Imagem ilustrativa da imagem Bairros da Grande Vitória têm mais de 1.200 pessoas morando nas ruas
Leone Iglesias/at moradores de rua em praça de Jardim da Penha, Vitória: prefeitura diz que faz abordagens com três equipes |  Foto: Leone Iglesias/AT

Dormindo nas praças, embaixo de marquises, em barracas improvisadas e até mesmo se revezando em calçadas, especialmente nas proximidades de estabelecimentos comerciais.

Nessas condições, na Grande Vitória, vivem 1.232 moradores em situação de rua. Vila Velha lidera: 449, seguida da capital, com 350. Em Cariacica, há 276 e, na Serra, 157.

Quem vive na rua alega vários motivos, a exemplo do desemprego, abandono familiar, problemas psicológicos e uso de drogas, como o álcool e o crack.

Em Vitória, Peterson Pimentel – idealizador do grupo de WhatsApp batizado de Vizinhos em Alerta de Jardim da Penha, formado por moradores e comerciantes – conta com há casos em que eles são agressivos e até cometem roubos e furtos na região, especialmente de bicicletas e celulares, além de invadirem condomínios e comércios.

“Isso é um problema grave. Pedimos que as pessoas não façam doações diretamente para eles nas calçadas e praças. Também pedimos que as forças de segurança tenham um plantão, especialmente de madrugada”.

Cesar Saade Junior, presidente da Associação Comercial da Praia do Canto, destaca que essa população de rua só aumenta e, ao falar sobre possíveis soluções, descreve a sensação de impotência, que se esbarra na legislação.

Ele conta que muitos são agressivos e fazem ameaças, além de cometer furtos para manter o vício, na maioria das vezes.

Imagem ilustrativa da imagem Bairros da Grande Vitória têm mais de 1.200 pessoas morando nas ruas
Moradores de rua ocupam calçada na rua Jaime Duarte Nascimento, em Itapuã, Vila Velha, há cerca de três meses, segundo o aposentado Antonio Soares, de 64 anos |  Foto: Divulgação

De acordo com o presidente da Associação Comunitária de Jardim Camburi, Bruno Malias, os moradores de rua estão adotando a tendência de sair das praças do bairro para ficar debaixo de marquises de comércios e prédios.

“A demanda ficou bem alta, após a pandemia. Temos um olhar atento com uma rede formada pela associação, igrejas, polícias, prefeitura e Samu. Buscamos sempre a dignidade das pessoas”, afirma.

Morador da Praia de Santa Helena, na capital, Nelson Monteiro Goulart Filho, 87 anos, conta que cerca de cinco pessoas acampam na rua perto de sua casa. “Tem um terreno baldio, sem muro. É resto de cama, resto de colchão”.

Aos 64 anos, o aposentado Antonio Soares, morador de Itapuã, Vila Velha, há 47 anos, reclama que a quantidade de moradores vem aumentando. “Eles atacam e enfrentam comerciantes e moradores. Cada dia tem um novo e nada é feito”.

PELAS RUAS

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Na rua José farias, em Santa Luiza, Vitória, lençóis viram cabanas e servem de abrigo para morador de rua. |  Foto: Leone Iglesias/AT
Imagem ilustrativa da imagem Bairros da Grande Vitória têm mais de 1.200 pessoas morando nas ruas
Em Jardim Limoeiro, Serra, a reportagem flagrou moradores de rua. Alguns usavam drogas na rua Nelcy Lopes Vieira. |  Foto: Leone Iglesias/AT

Senadores vão votar lei que impede remoção

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria recentemente e proibiu a remoção e o transporte compulsório de pessoas em situação de rua.

Na mesma direção, tramita no Senado projeto do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Projeto de Lei (PL) 1.635/2022 teve sua tramitação mais recente no último dia 18 na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa de Leis.

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O PL institui o Estatuto da População em Situação de Rua, que impede “o recolhimento forçado dos bens e pertences” dos moradores de rua. Também veda “a remoção e o transporte compulsório da população em situação de rua”.

Em Vitória, uma proposta polêmica quer proibir pessoas em situação de rua de dormirem em calçadas, parques e praças.

O projeto de lei 57/2023 é de autoria do vereador Luiz Emanuel. O parlamentar alega que “não se trata de nenhuma prática de discriminação, exterminação ou marginalização dessa classe”.

O projeto de lei está em tramitação na Câmara de Vereadores da capital, já foi aprovado em duas comissões e ainda precisa ser apreciado em plenário.

ONDE BUSCAR AJUDA GRATUITA

Prefeitura de Vitória

> A estrutura de atendimento vai desde a equipe de abordagem, que são três, com funcionamento diário.

> Conta com o Centro Pop, com atendimento psicossocial, assessoria jurídica e plano individual de atendimento. Há ainda abrigos 24h, hospedagem noturna, albergue de imigrantes, casa de acolhida para pessoas em situação de rua, inclusive com transtornos mentais.

Prefeitura de Serra

> O município realizou parcerias para a oferta de oito serviços voltados ao atendimento para pessoas em situação de rua, dentre eles:

> Centro POP (80 vagas para passar o dia); Serviço Especializado de Abordagem Social; Casa Lar I – Acolhimento para o Público Feminino (10 vagas); Casa Lar II – Acolhimento para o Público Masculino (10); Abrigo 24 Horas – Jardim Limoeiro (30); Abrigo 24 Horas – Arco-Íris (30); Casa de Acolhida ao Migrante (30) e Hospedagem Noturna (30).

> A orientação é acionar a equipe de Abordagem Social (27 98166-0494) ou orientar a pessoa que está em situação de rua a buscar Centro Pop do município.

Prefeitura de Vila Velha

> A Prefeitura oferece diariamente diversos serviços como Centro Pop, Abrigos, Consultório de Rua, encaminhamentos para o Sine para a busca por empregos, entre outros.

Prefeitura de Cariacica

> Oferta serviços de média complexidade, como o Centro Pop e o Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas), além do serviço de alta complexidade que se refere ao acolhimento para pessoas adultas em situação de rua.

> O Centro Pop tem capacidade para 40 acessos por dia e disponibiliza atendimento técnico especializado.

> No local também são oferecidos cursos como culinária, porteiro, informática e educação de jovens e adultos (EJA).

> Já o Seas é responsável pela abordagem às pessoas que estejam em situação de violação de direitos, realizando os encaminhamentos.

> O Serviço de acolhimento institucional para pessoas adultas em situação de rua (abrigo) oferta 40 vagas, com atendimento por equipe técnica especializada, além de moradia.

Fonte: Prefeituras citadas e Cintya Silva Schulz, secretária Municipal de Assistência Social de Vitória.

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