Violência faz prefeitura de cidade de SP suspender Carnaval
Ao menos duas pessoas morreram em trocas de tiros com policiais em São Vicente. Nesta sexta, um servidor foi baleado duas vezes por um policial
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A recente onda de violência que tem tomado São Vicente, na Baixada Santista, fez com a que prefeitura adiasse o Carnaval previsto para ocorrer na cidade.
A informação foi publicada no BOM (Boletim Oficial do Município) neste sexta-feira (9), o que impede o desfile de blocos e a apresentação de bandas.
Segundo a portaria, assinada pelo secretário de Turismo e Presidente da Comissão de Carnaval 2024, Paulo Bonavides, a decisão visa "a preservação e integridade dos foliões e organizadores de blocos e bandas carnavalescas".
Conforme a prefeitura, a decisão foi tomada considerando os últimos acontecimentos envolvendo a segurança pública no município e na região da Baixada Santista.
"Carnaval representa uma expressão cultural que se caracteriza pela confluência de alegria e entretenimento e, os foliões e seus familiares merecem um ambiente permeado predominantemente pela alegria", diz trecho da portaria.
Nesta sexta, um funcionário da prefeitura foi baleado duas vezes por um policial militar. Desarmado, o homem teria se recusado a levantar as mãos durante uma abordagem, no que deu início a troca de empurrões entre ele e o policial. Pouco depois, o PM atirou na perna do homem.
Mesmo baleado, o homem ainda se recusou a obedecer as ordens do PM, iniciando novamente uma discussão e troca de empurrões. Instantes depois, o servidor público, que exerce um cargo de coordenador na Secretaria de Serviços Públicos, avançou contra o policial, que atirou novamente, o atingindo na parte lateral do tórax.
Ao menos duas pessoas morreram em trocas de tiros com policiais em São Vicente. Uma delas, o catador de lixo José Marcos Nunes da Silva, 45. Ele foi atingido por tiros disparados por policiais militares no barraco onde morava havia cerca de dez anos na favela de Sambaiatuba na madrugada de sábado (3).
Três filhas, o genro e a ex-mulher da Silva moram na mesma favela. Uma filha e a ex-mulher contam que ouviram disparos e foram avisados por vizinhos sobre os gritos de socorro. Quando correram por uma viela até o barraco, foram impedidas de prosseguir por um PM que montou guarda em frente ao barraco.
Silva foi morto por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), mesmo batalhão do soldado Samuel Wesley Cosmo, 35, que foi assassinado horas antes em Santos, cidade vizinha a São Vicente.
Segundo o relato da SSP (Secretaria da Segurança Pública), policiais teriam dado ordem de parada a um suspeito, que teria fugido e disparado contra os policiais. A secretaria diz que foram encontradas porções de maconha, cocaína, crack, um frasco de lança-perfume, uma pistola 9 mm e um caderno de anotações.
A outra morte foi registrada na quarta-feira (7).
Segundo a SSP, um homem de 20 anos foi baleado depois de apontar uma arma para policiais durante uma abordagem em um imóvel na avenida Osvaldo Toschio.
No cômodo ao lado, outro homem armado desobedeceu a ordem de se entregar, apontou uma arma para os policiais e também foi baleado. As armas dos suspeitos e dos policiais foram apreendidas. No imóvel também foi apreendido um fuzil calibre .556, segundo a pasta.
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