Roubos de celulares caem no Brasil, mas ainda há 1 caso a cada 2 minutos
Enquanto os assaltos de aparelhos diminuíram, os furtos bateram recorde e superaram os roubos pela primeira vez
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Em 2023, 46,5 mil menos celulares foram roubados ou furtados em todo país em comparação com o ano anterior. Mesmo assim, as delegacias brasileiras registraram pelo segundo ano consecutivo quase um milhão de ocorrências, o que representa um caso a cada dois minutos.
Enquanto os assaltos de aparelhos recuaram 10%, os furtos bateram recorde e superaram os roubos pela primeira vez –foram 494,2 mil furtos e 442,9 mil roubos em 2023, segundo dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18).
A inversão pode ser explicada, em partes, pela atuação das chamadas gangues da bicicleta ou motos, que arrancam o aparelho das mãos das vítimas em vias públicas, o local mais frequente onde esse tipo de crime acontece – 78% das ocorrências. "As polícias classificam esse crime como furto qualificado. Com isso, os casos mais comuns não entram na estatística de roubos, mas na de furtos", diz Renato Sergio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entidade que elabora o Anuário.
Ranking das cidades com maiores taxas de roubo e furto de celular (por 100 mil hab.)
- Manaus (AM) - 2.096,3
- Teresina (PI) - 1.866
- São Paulo (SP) - 1.781,6
- Salvador (BA) - 1.716,6
- Lauro de Freitas (BA) - 1.695,8
Apesar da diferença de termo usado pelas polícias civis, Lima reitera que essa diferença "pouco importa para a população". "[O crime] tem impacto muito forte na vida das vítimas, não só pelo valor do aparelho em si, mas pelo risco de invasão de dados e de golpes e prejuízos financeiros significativos. Isso sinaliza para o fato de que esse tipo de ocorrência se torna central na sensação de medo e insegurança nas grandes cidades", diz.
Segundo o Anuário, os casos de roubos de celular ocorrem com mais frequência em dias de semana nos horários em que a maioria dos moradores de grandes cidades (com mais de 500 mil habitantes) sai de casa para trabalhar ou volta após o fim do expediente, entre 5h e 7h e entre 18h e 22h.
Já os furtos ocorrem proporcionalmente mais aos finais de semana –35% das ocorrências. Nesse caso, há predileção dos ladrões por horários de menos movimento nas cidades, principalmente, entre 10h e 11h e entre 15h e 20h.
Entre as 50 cidades com maiores taxas de roubo e de furto de celular, 15 estão localizadas em São Paulo, o estado mais populoso do país.
Na capital paulista, pesquisa Datafolha divulgada em março mostrou que ao menos 35% dos paulistanos já foram vítimas desse tipo de crime, sendo que 19% tiveram um aparelho tirado de si mediante força ou ameaça.
O Fórum considera a alta recorrente de roubos e furtos de celulares como a consolidação dos aparelhos "como porta de entrada frequente para outras modalidades delituosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais", diz trecho do relatório divulgado nesta quinta pela entidade.
Dados de segurança pública de todo país compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontaram também que a marca Samsung apareceu com mais frequência nos boletins de ocorrência, 37,4%, seguida pela Apple, 25%, e pela Motorola, 23,1%.
Mesmo no segundo lugar no ranking, telefones da Apple representam a preferência dos ladrões, já que a marca detém apenas 10% do mercado nacional e aparece em 1 em cada 4 registros de furtos ou roubos. "É possível dizer que os usuários da Apple correm mais riscos na comparação com aqueles que utilizam telefones de outras marcas", diz trecho do Anuário.
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