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Brasil

Ministério Público do RJ denuncia mulher presa em caso de idoso morto em banco

Erika teve a prisão convertida em preventiva (sem prazo) durante audiência de custódia


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Imagem ilustrativa da imagem Ministério Público do RJ denuncia mulher presa em caso de idoso morto em banco
Um vídeo flagrou o momento em que Erika tentava fazer Paulo, que não tinha reação, assinar um documento para tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil |  Foto: Reprodução TV Globo

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou, nesta terça-feira (30), a mulher suspeita de levar um parente já morto para sacar um empréstimo em um banco na zona oeste da cidade. As acusações são de vilipêndio a cadáver –tratar de maneira desrespeitosa o corpo– e tentativa de furto mediante fraude.

Erika de Souza Vieira Nunes, 42, também passou a ser investigada pela Polícia Civil pelo crime de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

Ela foi presa em flagrante após tentar fazer a retirada de um empréstimo de R$ 17 mil com seu tio Paulo Roberto Braga, 68. O caso ocorreu no dia 16 de abril.

Erika teve a prisão convertida em preventiva (sem prazo) durante audiência de custódia. Além da denúncia, a Promotoria se manifestou contrário a um pedido da defesa de Erika de liberdade provisória.

A defesa informou nesta quarta-feira (1º) que incluiu dois assistentes técnicos (profissional especializado em psiquiatria forense) que vão produzir um parecer referente à saúde mental de Erika.

"A defesa pretende comprovar que ela [Erika] estava em estado de negação e que não houve nenhum desses crimes que ela está sendo acusada, ou seja, trazer à luz a situação dela no momento do fato. Ela fazia tratamento psicológico e psiquiátrico", disse a advogada Ana Carla de Souza Correa à reportagem.

A defesa de Erika afirma que confia na inocência da cliente e que Paulo chegou com vida ao banco.

A Polícia Civil confirmou que a delegacia de Bangu, que investiga o caso, desmembrou a investigação relacionada à morte de Paulo e passou a apurar também o crime de homicídio culposo contra Erika.

"Como cuidadora do idoso, a sobrinha, ao ver que ele não estava bem, deveria ter levado o tio ao hospital, e não a uma agência bancária. Diligências seguem para apurar a responsabilidade dela", afirmou a corporação, em nota.

Em depoimento aos investigadores, Erika afirmou que uma semana antes de ser levado ao banco, Paulo passou mal dentro de casa e foi levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Bangu, na qual ficou internado por cinco dias com quadro de pneumonia.

A Fundação Saúde, que faz a gestão da UPA, confirmou a versão. Em nota, a entidade disse que o idoso deu entrada na unidade no dia 8 de abril e, após tratamento, teve alta no dia 15 –ou seja, um dia antes de ser levado ao banco.

Ainda no depoimento, Erika disse que Paulo ficou sob seus cuidados após ser liberado pelos médicos. Ela afirmou que costuma cuidar dele pois os dois são vizinhos.

A polícia ainda apura a sequência de fatos até o dia em que o idoso foi levado já morto ao banco. De acordo com a investigação, Erika teria passado em um shopping antes de ir para a agência onde ocorreu o caso, que fica em um calçadão. Lá, teria inicialmente pegado a cadeira de rodas e tentado comprar um celular, além de sacar dinheiro.

Imagens de câmeras de segurança mostram Erika no estacionamento do shopping, que fica ao lado da agência no qual aconteceu o caso. No vídeo, ela desce do carro de aplicativo e coloca o tio na cadeira de rodas com a ajuda do motorista –que ainda não foi ouvido pela polícia.

Ainda em seu depoimento, Erika disse que Paulo "mostrou desejo de retirar o dinheiro [do empréstimo] pois queria comprar uma televisão e realizar uma reforma em sua residência".

Ela disse também que "seu tio antes de sair de casa e dentro da agência estava consciente, embora debilitado" e que no momento de "receber atendimento que percebeu que seu tio parou de responder".

ENTENDA O CASO

Um vídeo flagrou o momento em que Erika tentava fazer Paulo, que não tinha reação, assinar um documento para tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil. A gravação foi feita por uma gerente do Itaú Unibanco.

Como o idoso estava sem reação, funcionários do banco desconfiaram da situação e chamaram o Samu, que confirmou que o homem estava morto. O corpo foi levado para o Instituto Médico-Legal.

Erika chegou com Paulo ao banco às 13h02, conforme o relógio das câmeras de segurança, e a equipe do Samu foi chamada às 15h, segundo o boletim de ocorrência.

Ao analisar as imagens, a polícia constatou que a mulher chegou ao local em um carro de aplicativo. O motorista, que foi chamado a depor, ajudou Erika a colocar Paulo em uma cadeira de rodas. O motorista diz que foi chamado às 12h26 de terça (16) e que o idoso já não andava. "Um homem segurava um braço, e Erika, outro", disse em depoimento à Polícia. Para entrar no carro, uma das filhas de Erika segurou as pernas.

Ele então a deixou no estacionamento do shopping, onde ela pediu uma cadeira de rodas. Esse estabelecimento fica do lado do banco.

Imagens também mostram ela circulando pelo shopping com o idoso, que nas imagens não aparenta estar se mexendo. Imagens de câmeras de rua de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e do banco Itaú mostram Paulo chegando à agência com a cabeça tombada e aparência apática.

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