G20: pandemia trouxe retrocesso de 15 anos no combate à fome mundial, diz economista da FAO
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Mesmo dois anos após pandemia da covid-19, a fome global permanece em nível superior aos anos anteriores, e a insegurança alimentar permanece alta entre as mulheres, disse nesta quarta-feira, 24, Máximo Torero Cullen, economista-chefe da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em lançamento do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI)", realizado em paralelo às reuniões ministeriais do G20, no Galpão da Cidadania, na Gamboa, zona portuária do Rio.
"A anemia entre as mulheres aumentou", afirmou, "e a obesidade é um novo desafio", que terá um custo muito grande para as sociedades, afetando as finanças, pois será necessário gastar muito mais.
Conforme o relatório, novas estimativas de obesidade adulta apresentaram um crescimento constante na última década, de 12,1% (2012) para 15,8% (2022). As projeções indicam que até 2030, o mundo terá mais de 1,2 bilhão de adultos obesos.
"A falta de acesso econômico a dietas saudáveis também continua sendo um problema crítico, que afeta mais de um terço da população global", aponta o estudo.
Citando o relatório, o executivo alertou que 71% das pessoas não conseguem atingir uma dieta saudável nos países de baixa renda. Enquanto isso, o índice é de 6,3% nas nações de alta renda. "A alimentação está muito cara", destacou Torero.
O economista frisou ainda que a pandemia trouxe retrocesso de 15 anos no combate à fome mundial, num cenário em que os alimentos ficaram mais caros, com a recuperação econômica avançando menos que os preços nas regiões mais necessitadas, na direção oposta ao que aconteceu em países mais ricos.
Com isso, 720 milhões de pessoas ainda estarão com fome em 2030. "Não esperávamos este resultado", admitiu Torero.
Para acabar com a fome, ressaltou o executivo, é preciso ter financiamento, investimento e escala.
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