Brasileiros antecipam férias e mudam planos de viagem para acompanhar conclave e conhecer novo papa
Escute essa reportagem
ROMA - O conclave despertou interesse de pessoas de todo o mundo que vieram acompanhar cada uma das fumaças na Praça de São Pedro, incluindo brasileiros. Eles mudaram planos de viagem e de trabalho, anteciparam férias para rezar e conhecer o novo papa.
Entre a multidão, é possível ver de tempos em tempos alguém levantando a bandeira verde e amarela.
A empresária Jeniffer Gomes, 46 anos, veio de Loanda (PR) com o marido, Evilasio Melo, e acompanhada também do pároco Marcelo Santiago. Ela conta que conseguiu liberar a agenda no trabalho e que o marido cancelou uma palestra para viajar a Roma. Eles chegaram na terça-feira, 6, e participaram da missa Pro eligendo Pontifice, que abriu o conclave na quarta.
Leia mais:
- Quem são os candidatos a novo papa e a lista de papáveis neste conclave
- Conclave de 3 anos, comida de cardeais racionada e champanhe: 10 curiosidades da eleição do papa
“Viemos especialmente para o conclave, para viver essa experiência única. O padre convidou, deu certo a passagem, a disponibilidade do tempo, e estamos aqui desde terça-feira, e permaneceremos até ser eleito o novo papa. A sensação é única, nunca imaginei, nem nos meus melhores sonhos que poderia estar aqui acompanhando a votação do papa”, conta.
Jeniffer revela que chegou a pensar em trazer a filha de cinco anos, Ester, para conhecer o novo papa, mas ao final preferiu deixá-la com a irmã. “Nós viemos com ela há dois anos, e queríamos trazê-la. Com cinco anos, já teria visto dois papas. Mas preferimos deixá-la mais tranquila em casa”. Ela, o marido e o padre estão hospedados em uma pousada organizada por freiras.
Natural de Campinas, no interior de SP, a analista de TI, Aline Carpanesi, de 31 anos, tinha uma viagem programada para Milão e Veneza nesta semana (Roma só ficaria ao final do roteiro), mas decidiu suspender os planos quando soube do conclave.
Ela teve que reservar hospedagem em três lugares diferentes, incluindo um hostel, no qual compartilha quarto com outras quatro pessoas desconhecidas. A diária sai a R$ 500: “É o mais simples que encontrei, porque tudo no geral estava muito caro”.
Segundo a analista, a expectativa para conhecer o novo líder da Igreja é grande. Ela revela que está impressionada com o ambiente de internacionalidade na praça.
“É bonito ver que são várias nações unidas por uma mesma bandeira, a do Vaticano. Espero que o papa seja uma pessoa que venha para nos guiar nos desafios do tempo atual. Estou muito feliz. Estou full time e disponível para estar em todas as fumaças: vim para isso.”
Quando saiu o resultado das duas votações desta manhã, ela disse: “Foi um misto de sentimentos, especialmente no início, quando ainda não sabíamos exatamente de que cor seria a fumaça. Agora vamos almoçar para voltar a acampar aqui”.
A brasiliense Elizabeth Ramos tinha uma viagem à Europa marcada para junho. Quando soube da data do início do conclave, comprou passagem para a Cidade Eterna e diz que vai ficar na cidade até ouvir o “habemus papam”.
“Foi uma viagem difícil e de última hora, mas é emocionante estar aqui. Meus pais são católicos e estão esperando notícias direto. Também estou aqui por eles. Estou muito emocionada por estar aqui e poder mandar notícias ao Brasil.”
O advogado Pedro Torga, de 34 anos, chegou no primeiro dia do conclave vindo do Recife. Estava com a mulher, a filha de 1 ano e um casal de amigos. A viagem estava programada havia seis meses e coincidiu com o conclave. “No primeiro dia, fomos aos lugares históricos e hoje estamos no Vaticano.”
Não muito longe dali, sentados na Praça São Pedro, estavam seis irmãs da comunidade Sementes do Verbo, ao lado de um capuchino brasileiro, Frei Vando, de 42 anos, que estuda há dez meses em uma escola na Toscana mantida pelas irmãs. O grupo esteve no 1º dia do conclave e na manhã desta quinta-feira acompanhando o resultado das três primeiras votações e aguardava o quarto e o quinto escrutínio bem no meio da praça de São Pedro.
“Espero alguém que venha para retomar os desafios da Igreja”, afirmou o frei. Ao seu lado, a irmã Maria, de 32 anos, dizia acreditar que a Igreja será sábia ao definir o papel futuro das mulheres na sua vida, leigas ou religiosas.
“Não precisa ter competição. Cada um e cada uma terá seu papel na Igreja”, afirmou a freira nascida em Belém (PA), que entrou para a comunidade há 13 anos.
No primeiro dia, cerca de 45 mil pessoas estiveram na praça de São Pedro para acompanhar a votação dos cardeais, que terminou em fumaça preta. O resultado demorou duas horas a mais que o previsto para ser conhecido, às 16h de Brasília (21h de Roma).
Comentários