O que a educação fez por mim: “Foram anos desafiadores”
Advogada e médica contam suas trajetórias com os estudos
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“Sempre sonhei em fazer o curso de Direito. Fiz vestibular na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e não passei. Essa não aprovação, aos 17 anos, foi muito triste. Com medo de ficar reprovada de novo, no ano seguinte fiz vestibular para Letras (porque era menos concorrido). Formei aos 21 anos. Fui convidada a substituir uma professora do departamento de Letras da universidade.
Já casada, trabalhando no mercado financeiro, quando meu filho mais velho, Estevão, tinha 6 meses, finalmente ingressei no curso de Direito, na FDV.
No final do primeiro ano, engravidei do segundo filho, o Heitor. Foram anos desafiadores. Mas o meu sonho tinha um porquê: acredito na possibilidade de contribuir para a construção de um mundo sustentável, em que as pessoas possam ser livres para escolher a forma de viver que for melhor para elas.
Formei. Trabalhei como consultora por 20 anos em banco como e sonhava em um dia trabalhar em home office, já que eu era consultora na área de advocacia extrajudicial, preventiva e consensual. Isso me daria liberdade geográfica e de tempo. Pedir para sair eu não tinha coragem, pois estaria trocando o certo pelo duvidoso.
Em 2017, fechei esse ciclo. Aposentei. Agora vou trabalhar em home office, no mercado digital. Tomei a decisão de unir Direito e Linguística para contratos e outros documentos ficarem mais acessíveis e contribuírem para potencializar os resultados empresariais.
Logo, tanto colegas da advocacia quanto empresas usufruem do que alcancei e sigo conquistando por conta da educação. Os estudos me proporcionaram conhecimento, remuneração, a vida que sonhava para meus filhos e tantas outras coisas”.
- Elseana de Paula, 60 anos, advogada e linguista
Estudos como herança
“Uma das lembranças mais antigas que tenho é a frase que ouvia dos meus pais: 'a herança que podemos te deixar são os estudos, não temos recursos'. Eu sempre tive muita fé nisso e essa certeza me guiou por toda a vida.
Mesmo com dificuldade, meus pais se esforçaram para pagar uma escola que pudesse abrir as portas para um futuro promissor. Fui bolsista no cursinho e, para manter o desconto, já tinha que estudar muito e estar entre os 10 melhores alunos da escola.
Fui aprovada para Medicina na Ufes e já sabia que a única opção para mim era uma faculdade pública.
Sempre gostei de estudar e, graças a Deus, tive apoio da minha família e amigos para isso. Na faculdade, estudava com colegas, pois não tinha computador em casa. Usei livros emprestados, roupas brancas doadas e nunca tive vergonha disso.
Toda essa luta serviu para eu ter mais certeza ainda do que eu desejava para mim. Ser médica é um sonho que se tornou realidade e tenho orgulho da minha trajetória. Nunca parei de estudar.
Até hoje, diariamente, vejo algum vídeo, leio algum texto ou artigo. Tive professores maravilhosos que me ensinaram que através do conhecimento conseguimos ser melhores um pouquinho a cada dia”.
- Janine Moscon, 49 anos, médica psiquiatra
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