Mulheres do cacau: produtoras capixabas buscam melhorias para o cultivo
Fruto que dá origem ao chocolate é cultivado na região serrana do ES e gera oportunidades
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As mulheres estão inseridas em todas as cadeias e setores do agro, se destacam e representam a mudança no campo. Na produção de cacau, por exemplo, também fortalecem economia capixaba.
Na região serrana do Espírito Santo, o cultivo do fruto que dá origem ao chocolate trouxe oportunidades para produtoras a exemplo de Andressa Tregnago, de Santa Teresa, participante do Projeto Mulheres do Cacau, da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) em parceria com Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que especializa as produtoras na prática desse cultivar.
“Trabalhando com o cacau há quase três anos, consegui mudar a renda da minha família. Hoje quero dedicar meu tempo ao cultivo, ao qual me apaixono cada dia mais. Os meus olhos se enchem d' água quando eu vejo aquele pé de cacau cheio de florzinha, começando a dar frutos”, disse Andressa.
E completou: “Esse projeto veio para que as mulheres do campo, assim como eu, que só trabalhavam com os braços, hoje possam trabalhar com o conhecimento”.
Já no noroeste do Estado, Colatina produz, anualmente, cerca de 612 toneladas de amêndoa de cacau, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as produtoras do fruto têm se destacado na produção.
Maria Aparecida Reinhoz revelou que a principal fonte de renda da família é o cacau. Há 12 anos, quando ela começou o plantio, as primeiras mudas dividiram espaço com os pés de café.
“Praticamente é a renda do mês. É o mensal de dentro de casa. A compra, a energia, é tudo com cacau. O cacau mudou a minha vida”, comentou ela.
As produtoras de Colatina também contam com ajuda do Projeto Mulheres do Cacau para aprimorar as técnicas de produção.
Uma das alunas do projeto é Ediana Strasmann. Cafeicultora há 25 anos, ela decidiu investir no cultivo de cacau há dois anos e lembrou das dificuldades enfrentadas no início.
“Na época, eu plantei o cacau de qualquer maneira. Depois aprendi e agora mexo nele sozinha. Meu esposo é caminhoneiro e eu que comando lá em casa, o serviço e a lavoura do cacau, eu que conduzo, faço a poda, fazer a enxertia e aprendi as técnicas da fermentação e estou aprendendo muito mais ainda”, contou.
Saiba mais
Raio X da produção
O Espírito Santo é o 3º maior produtor brasileiro de cacau- Produção 45 municípios capixabas.
Dentro do Estado, Linhares é o maior produtor e concentra 70,7% da produção
No último levantamento, em 2021, o cacau somou 11.544 toneladas, agregando R$ 162,5 milhões ao agronegócio capixaba.
Em 2022, a exportação de chocolates e preparados com cacau foi de US$ 16,5 milhões de dólares, representando cerca de 1% do comércio internacional do agronegócio capixaba, com crescimento de 28% em relação a 2021.
Fonte: Seag.
Investimento bilionário inclui fazenda em Linhares
A Cacau Show vai investir, até 2034, R$ 1 bilhão para o desenvolvimento de 7 mil hectares de cacau no Brasil. O investimento será em microrregiões do Espírito Santo, da Bahia e do Pará.
A informação foi dada pelo fundador e presidente da Cacau Show, Alexandre Costa, em entrevista à revista Exame, e ocorre devido à alta do preço do cacau, que tem atingido níveis recordes na bolsa de valores de Nova Iorque.
Para se ter noção, os lotes da amêndoa para maio foram negociados, pela primeira vez na história, a US$ 11.311 (R$ 58.364,76) a tonelada. “O Brasil tem cerca de 600 mil hectares para a produção de cacau. Neste cenário, o anúncio de novos 7.000 hectares é um desafio hercúleo.”
Há 11 anos, a Cacau Show investe em sua fazenda própria, a Dedo de Deus, em Linhares.
Depoimento
Qualidade da safra
"A participação das mulheres na produção do cacau é crucial. Elas desempenham um papel significativo na mão de obra agrícola, desde o plantio até a colheita do cacau.
Sua contribuição é essencial para garantir a qualidade e a quantidade da safra. Além disso, o envolvimento delas na produção de cacau pode levar a melhorias socioeconômicas nas comunidades produtoras.
Outro aspecto é que as mulheres desempenham um papel central na gestão dos recursos naturais, incluindo o manejo sustentável das plantações. Seus conhecimentos e cuidado podem contribuir para práticas agrícolas mais sustentáveis”.
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