Polícia diz já ter provas que ligam ex à morte de Íris Rocha
Cleilton dos Santos foi abordado quando passava no posto da PRF, em Viana. Indícios apontam que o crime foi premeditado
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Com indícios de que tenha sido um crime premeditado, a Polícia Civil prendeu na quinta-feira (18) o principal suspeito de ter matado a enfermeira Íris Rocha de Souza, de 30 anos, que estava grávida de oito meses.
Segundo a polícia, provas técnicas apontam que o ex-namorado da vítima, o vigilante Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, estava na região onde o corpo de Íris foi encontrado no último dia 11.
Ele e a vítima tiveram um relacionamento entre abril e outubro do ano passado. Cleilton era o pai da criança que Íris esperava e já tinha sido denunciado por ela por agressão, com um “mata-leão”, quando já estava grávida. Foi a agressão que motivou o término do relacionamento, há três meses.
Ele teve o mandado de prisão cumprido na quinta-feira (18), quando passava pelo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Viana. Segundo a defesa do suspeito, ele já havia informado à Polícia Civil que iria se apresentar na Delegacia de Alfredo Chaves, para onde estava indo no momento da abordagem. Ouvido informalmente no início da tarde, ele negou a autoria do crime.
O delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, destacou que a polícia tem provas que permitiram ligar o suspeito preso à morte de Íris.
“Temos provas técnicas e científicas de que ele estava na cena do crime. São provas que trabalhamos através de tecnologia e de soluções de inteligência que adquirimos e que deixam claro a presença dele no local”.
A titular da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves, delegada Maria da Glória Pessotti, afirmou que entre as provas estão imagens de câmeras do cerco eletrônico.
As imagens mostram que o veículo do suspeito foi em direção a Alfredo Chaves no último dia 10 – quando Íris teve ó último contato com familiares e amigos.
Segundo ela, as imagens do cerco mostram que ele retornou da região no dia seguinte, mesmo dia em que o corpo de Íris foi encontrado em uma região rural de Alfredo Chaves.
Além disso, ela destacou que imagens de câmeras de videomonitoramento mostram Íris entrando no carro do suspeito exatamente no dia 10, na avenida Marechal Campos, próximo do local onde Íris trabalhava, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Maruípe.
Segundo a delegada, há indícios de que o crime tenha sido premeditado. “As imagens do cerco mostram, ainda, que o veículo usado pelo suspeito foi e voltou para a região de Alfredo Chaves no dia 9 de janeiro, um dia antes dele buscar Íris próximo ao trabalho”.
Perfil da vítima
Íris Rocha de Souza
Tinha 30 anos e fazia mestrado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ela atuava como coordenadora no Estado em uma pesquisa nacional do Ministério da Saúde.
Ela estava no oitavo mês de gravidez e a previsão é de que Rebeca nascesse até o dia 20 de fevereiro. Ela deixou um filho de 8 anos.
Cleilton dizia que era PM
No bairro onde morava e para a própria ex-namorada, Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, dizia que era policial militar.
Segundo a titular da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves, delegada Maria da Glória Pessotti, durante as investigações, pessoas ouvidas informalmente diziam que ele era conhecido como soldado Santana.
Amigos e familiares da enfermeira Íris Rocha de Souza, de 30 anos, também contaram que ele dizia que era da corporação e andava armado. Também falava e demonstrava ter acesso facilitado a informações pessoais de pessoas e veículos em um “sistema”.
Nas redes sociais, ele se descrevia com as palavras “cristão”, “Direito” e “Investigação forense e perícia criminal”.
Foi como policial militar que a vítima identificou a profissão do ex-namorado no boletim de ocorrência registrado contra ele, no dia 5 de outubro do ano passado. Segundo ela, ele tinha arma de fogo que seria da “corporação”.
Durante coletiva de imprensa na noite de quinta-feira (18), o secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, fez questão de enfatizar que o suspeito não é policial. “Ele nunca esteve nas fileiras da corporação da Polícia Militar”, garantiu.
A defesa do suspeito preso na quinta-feira (18) informou a jornalistas que ele era vigilante, além de motorista de aplicativo.
Entenda
Corpo encontrado
A Polícia Militar localizou por volta das 14 horas do dia 11 de janeiro o corpo da enfermeira Íris Rocha de Souza, de 30 anos, na localidade de Iracema, na estrada rural que liga Matilde à São Bento de Urânia, em Alfredo Chaves.
O corpo não foi identificado no momento, pois seu corpo estava coberto com cal – o que seria usado para acelerar a decomposição.
Identificação
A identificação da enfermeira só foi possível na última segunda-feira (15), porque a perícia encontrou um cartão de banco contra a inscrição “Íris R de Souza”.
Por se tratar de um nome comum e incompleto, investigadores fizeram algumas tentativas até encontrar familiares.
Tiros
Íris foi morta por pelo menos dois disparos de arma de fogo, ambos na região do tórax, lado esquerdo.
No local foram encontradas cinco cápsulas de pistola calibre ponto 40.
O local fica a mais de 100 quilômetros de onde morava, em Jacaraípe, na Serra.
Investigação
Segundo a Polícia Civil, as investigações foram iniciadas imediatamente.
Amigos e familiares de Íris foram ouvidos e provas técnicas e científicas obtidas para que a polícia chegasse a um suspeito.
Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, teve um relacionamento com Íris entre abril e outubro do ano passado.
O namoro teve fim após agressão sofrida pela enfermeira, com um golpe de mata-leão. Ela chegou a pedir medida protetiva, mas, segundo a polícia, não tinha tramitado o pedido por um problema no sistema. A Corregedoria da Polícia irá apurar o fato.
Busca e prisão
A Polícia Civil cumpriu na última quarta-feira (17) um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito.
O veículo dele foi apreendido e será periciado.
No início da tarde de quinta-feira (18), Cleilton teve o mandado de prisão cumprido, ao ter o veículo em que estava abordado quando passava pelo posto da Polícia Rodoviária Federal. Ele estava na companhia de um advogado, que informou que ele estava a caminho de Alfredo Chaves, onde tinha avisado que iria se entregar às 14 horas.
Crimes
As investigações vão continuar e o inquérito deve ser concluído nos próximos 30 dias.
O suspeito pode responder por crimes como homicídio na qualificadora do feminicídio, além de crime de aborto e de ocultação de cadáver.
Fonte: familiares, Polícia Militar e Civil.
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