Destino de "Lázaro de Pernambuco" nas mãos do Júri Popular
Um homem acusado de matar duas jovens será julgado por pessoas comuns.
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O apelido "Lázaro de Pernambuco" poderia sugerir uma lembrança positiva, uma mistura de nome bíblico com o do estado pernambucano, historicamente conhecido como o "leão" do Norte. No entanto, na vida real, a história é bem diferente. O apelido foi atribuído a Edson Cândido Ribeiro, 37 anos, devido à demora em localizá-lo, à mobilização policial e aos dias que passou fugindo da polícia.
Ele é réu por ter cometido homicídios brutais, incluindo o de sua ex-companheira, e estupro. A busca por ele se transformou em uma verdadeira "caçada".
O caso é semelhante ao que ocorreu em Goiana, com um homem chamado Lázaro Barbosa. O Lázaro de Pernambuco residia em Glória de Goitá, no interior, a 62 quilômetros do Recife. A população da cidade ficou chocada.
Foi necessário o uso de cães, helicópteros e viaturas policiais para persegui-lo. Sua mãe, uma mulher simples e com formação cristã, chegou a declarar na época que contaria à polícia se soubesse onde ele estava.
"Entregar um filho é doloroso demais, mas numa situação dessas... Jesus, me perdoe, mas eu tenho que falar a verdade e entregá-lo, para evitar o pior", disse.
O homem, no final, se entregou após a intensa busca policial. O acusado em Pernambuco foi preso em 7 de fevereiro de 2022. A jornada de Edson até a prisão, ou "Lázaro de Pernambuco", no entanto, não o conduziu à ressurreição, como na história bíblica. Ele será submetido ao Júri Popular em 27 de novembro.
A informação do julgamento chegou em primeira mão a Moab Augusto, que comanda o Jornal da Tribuna, 1ª edição.
Edson é acusado pelo Ministério Público de Pernambuco de ter cometido homicídios brutais, também na cidade de Glória de Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco.
A primeira vítima teria sido a ex-companheira Kauany Mayara Marques da Silva, que tinha 19 anos na época e não desejava mais manter a relação. Ele teria cometido o feminicídio na noite de 29 de janeiro de 2022.
Crimes hediondos
Após o homicídio da ex-companheira (considerado feminicídio), Edson é acusado de despejá-la em um bueiro, onde o corpo foi encontrado em estado de decomposição.
Horas depois, segundo a promotoria, ele teria estuprado e matado outra vítima, Jailma Muniz de Souza, de 18 anos. Jailma foi a primeira a ter o corpo localizado. Uma cena digna de um filme de terror.
O estupro é considerado crime hediondo no Brasil. O feminicídio prevê circunstância qualificadora do crime de homicídio e inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos.
Pessoas comuns
O Júri Popular acontecerá em Glória de Goitá, com Nilzângela Muniz da Silva como assistente de acusação. O destino de Edson está nas mãos de cidadãos sem formação jurídica, pessoas comuns da cidade.
São elas que decidirão, de acordo com a lei, se há elementos suficientes para condenar o réu, conhecido como Lázaro, mas registrado como Édson Cândido Ribeiro.
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