Riquezas de Pernambuco podem ganhar selo de reconhecimento nacional: veja quais são
Mel do Araripe, abacaxi de Pombos, renda renascença de Poção e café de Triunfo estão na lista de produtos que podem ter selo oficial
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O bolo de rolo pernambucano, o artesanato de Caruaru, e o mais doce abacaxi do país, de Pombos, têm algo em comum com mais outros 10 produtos do estado - alguns deles ainda pouco divulgados. Eles podem se tornar oficialmente reconhecidos por sua origem e qualidade.
Uma parceria entre a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Sebrae/PE propõe o reconhecimento de 13 Indicações Geográficas (IGs) no estado. A iniciativa será apresentada nesta quinta-feira (10), às 10h, na sede do Sebrae, na Ilha do Retiro.
A Indicação Geográfica é um selo que certifica a relação entre um produto e seu território de origem. Ele reconhece características únicas ligadas ao local onde é produzido — como técnicas tradicionais, reputação, clima ou modo de fazer.
Além de fortalecer a identidade cultural, o selo pode agregar valor à mercadoria, ampliar o acesso a mercados e até facilitar exportações.
No Brasil, as IGs são concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e divididas em dois tipos: Indicação de Procedência, que reconhece a notoriedade de uma região na produção de determinado bem, e Denominação de Origem, que exige vínculo direto entre as qualidades do produto e o ambiente geográfico.
Exemplos nacionais incluem o Queijo Canastra (MG), o Vinho do Vale dos Vinhedos (RS) e o Café da Região do Cerrado Mineiro.
INVESTIMENTO DE R$ 2,9 MILHÕES

Com um aporte de R$ 2,9 milhões, dividido entre a Adepe e o Sebrae/PE, o novo projeto tem como meta mapear, organizar e formalizar pedidos de registro de novas Indicações Geográficas (IGs) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
OS MAIS MAIS JÁ RECONHECIDOS
Atualmente, Pernambuco possui três IGs reconhecidas: Vinhos do Vale do São Francisco, Uvas e Mangas de Petrolina e o Porto Digital, no Recife. Mas esse número pode crescer.
Em todo o Brasil, já são 130 registros de Indicações Geográficas — a maioria em estados com forte tradição agrícola e artesanal, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Entre os produtos pernambucanos selecionados para avaliação também estão o mel do Araripe, o abacaxi de Pombos - o mais doce do Brasil - o café cultivado em Triunfo, a manta caprina produzida em Dormentes, além do artesanato em barro de Caruaru e Tracunhaém, o trabalho em madeira de Sertânia e a renda renascença feita em Poção.
Também fazem parte da lista alimentos com forte identidade regional, como o queijo coalho artesanal do Agreste e do Araripe, além dos tradicionais bolos de noiva, de rolo e Souza Leão.
APOIO DO SEBRAE NACIONAL

A fase mais complexa do projeto, chamada de estruturação, será dedicada a uma série de ações fundamentais: conscientizar os produtores sobre a importância das IGs, resgatar e documentar a história e os aspectos culturais de cada produto, definir com precisão o território de origem e elaborar um caderno técnico com todas as especificações. Também será necessário formalizar as entidades que irão representar cada IG.
Além disso, cada Indicação Geográfica contará com um símbolo visual próprio, criado para reforçar sua identidade e facilitar o reconhecimento pelo público.
Depois de concluídas todas essas etapas, será feita a solicitação formal de registro ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
VALORIZAÇÃO DO REGIONALISMO
Cada região envolvida no projeto tem um prazo para transformar seu sonho em realidade. A previsão é que todas as etapas sejam concluídas até 2026. Para a Adepe, a iniciativa representa um passo importante na valorização dos arranjos produtivos locais, além de ampliar a visibilidade de produtos tradicionais e também de inovações produzidas em Pernambuco.
"É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco", detalhou o presidente da Adepe, André Teixeira Filho.
O superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra, reforça que o projeto também contribui para destacar a diversidade dos territórios pernambucanos e incentivar o crescimento dos pequenos negócios.
“A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.
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