Bebê morre após ter pulmões perfurados em procedimento médico
Família acusa hospital de negligência após bebê ter pulmões perfurados durante procedimento no Recife

A morte de João Miguel Alves da Silva, de apenas 1 ano e 10 meses, mobiliza investigações e levanta suspeitas de erro médico em um hospital particular do Recife. O menino, que tratava um quadro de pneumonia, teria tido os dois pulmões perfurados durante a colocação de um acesso central, procedimento que, segundo a família, resultou em uma piora irreversível.
De acordo com os pais, a primeira ida ao hospital ocorreu em setembro do ano passado, quando João Miguel apresentou sinais de pneumonia. Na ocasião, ele foi liberado para tratar a doença em casa apenas com antibióticos, sem passar por exames. Meses depois, voltou à unidade com amidalite e novamente recebeu alta sem investigações mais detalhadas.
Em janeiro deste ano, após sucessivas crises de vômito, o bebê precisou ser internado na UTI. A mãe, a auxiliar administrativa Thais Paulino, lembra que inicialmente recebeu garantias de que o filho estava bem.
“Disseram que ele precisava apenas ser monitorado e receber a medicação direto no pulmãozinho”, contou. Pouco tempo depois, porém, a criança começou a apresentar dificuldade respiratória.
“Minha sogra viu ele com dificuldade pra respirar... E eu fiquei bastante assustada porque ele não chegou no hospital assim. Rapidamente eu entrei para ver como é que o meu filho tava. E o meu filho, ele tava com muita dificuldade pra respirar e o quadro dele só evoluía para uma piora”, disse a mãe.
Nem os profissionais da Unimed entenderam porque os dois pulmões estavam perfurados

Segundo relato médico à família, o problema teria ocorrido durante o procedimento para inserção do acesso central. “‘Quando vai colocar o acesso, corre o risco de perfurar um pulmão. E a gente não entende porque o outro pulmão dele também tá perfurado’”, acrescentou Thais, contando a informação que recebeu.
O pai do menino, Gidson Alves, que trabalhava como porteiro na própria unidade, também estranhou a evolução do caso. “Errou onde não poderia errar, furar os dois pulmões do meu filho. Deixaram de tratar a pneumonia para tratar um erro deles. Isso a polícia precisa investigar”, desabafou.
João Miguel chegou a passar por cirurgia para colocação de drenos, mas não resistiu. O advogado da família, Ricardo Rodrigues, afirma que já acionou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e solicitou a abertura de sindicância no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).
O caso também foi analisado pelo Instituto de Medicina Legal (IML), que confirmou a existência de perfurações nos dois pulmões.
“Não há lógica causal em uma criança clinicamente estável entrar no hospital e sair com dois pulmões perfurados. É preciso que a investigação esclareça se houve erro médico”, declarou.
A Polícia Civil, por sua vez, instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do óbito. Até o momento, o hospital não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A Unimed foi procurada para falar sobre o assunto por volta das 8h desta sexta-feira, mas, até o fechamento da matéria no JT1, não havia se pronunciado.
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