Quadro com Jesus Cristo com rosto do Pateta é removido de exposição na Austrália
Protestos na internet argumentavam que a obra zombava da religião cristã
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Autoridades na Austrália removeram de uma exposição uma obra de arte em que Jesus Cristo é retratado com o rosto do personagem Pateta, dos "Looney Tunes", após uma enxurrada de reclamações na internet. O trabalho também sobrepõe à ilustração religiosa outros personagens do desenho animado.
A obra, assinada pelo australiano Philjames e intitulada "Jesus Fala com as Filhas de Jerusalém", foi retirada da mostra do prêmio de arte Blake no centro cultural Casula Powerhouse, em Liverpool, após violentas críticas direcionadas ao artista e ao museu na sexta-feira, apenas dois dias antes do fim do período expositivo, de oito semanas.
O prêmio contempla obras de arte contemporâneas que tratam de espiritualidade e de religião e atrai artistas de todas as crenças.
Os protestos na internet argumentavam que a obra, produzida no ano passado, zombava da religião cristã, e alguns manifestantes ameaçaram de violência o museu e seus funcionários, muitos dos quais são voluntários.
Philjames, o artista, afirmou que recebeu cerca de 200 mensagens vulgares nas redes sociais na sexta e no sábado, e o museu registrou ao menos de 60 ligações de protesto na sexta. "Eu gosto de provocar um pouco de reação com meu trabalho, mas a novidade se esgotou rapidamente na sexta. O nível e a quantidade absurda de ódio foram realmente assustadores", disse o artista de 48 anos ao jornal The Guardian.
"Tenho feito esse tipo de trabalho há cerca de 15 anos e tive uma ou duas pessoas chateadas, mas nada parecido com isso. Foi vil e de forma alguma cristão."
O prefeito de Liverpool, Ned Mannoun, pediu a remoção da pintura diante de "muitas reclamações de numerosos moradores que estavam enojados e ofendidos que o Conselho de Liverpool estava exibindo essa obra de arte".
"O Messias cristão e o Messias muçulmano Jesus não têm conexão com o personagem de desenho animado Pateta", disse ele em um comunicado.
Charlie Bakhos, fundador do grupo católico conservador Christian Lives Matter, ou vidas cristãs importam, disse nas redes sociais que a "chocante arte desrespeitosa" havia sido removida.
"Este é outro ataque ao cristianismo que conseguimos interromper graças ao apoio de todos. Vamos continuar defendendo nossa fé respeitosamente e obteremos resultados, pois Jesus está do nosso lado."
O artista se disse preocupado que o incidente possa estabelecer um precedente para limitar a liberdade de expressão. "Isso, para mim, é o mais problemático: o prefeito solicitou que fosse retirado, colocando a política antes da liberdade de expressão. Onde isso termina?"
O prefeito respondeu que o direito à liberdade de expressão precisa ser equilibrado com o direito de praticar a religião sem medo, perseguição ou ridicularização.
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