Le Pen fecha posição e encurrala governo e mercados franceses no embate sobre orçamento
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A líder anti-imigração Marine Le Pen está envolvida em um jogo de alto risco com o governo francês e uma multidão de investidores globais que financiam a dívida do país. Durante semanas, o público e os mercados franceses aguardaram cada palavra de Le Pen em busca de indicações sobre se ela está disposta a cumprir as suas ameaças de derrubar o governo, caso este não atenue o impacto do orçamento planejado sobre os contribuintes.
Agora chegou o momento da verdade. Nesta segunda-feira, 2, Le Pen disse que estava preparada para apoiar um voto de desconfiança em relação ao governo nos próximos dias, depois de o primeiro-ministro Michel Barnier ter submetido o orçamento do governo à Assembleia Nacional mediante o exercício do artigo 49.3 da Constituição francesa. Barnier não tem votos para obter a maioria na fragmentada Câmara dos Deputados, onde o partido de extrema-direita Reunião Nacional, de Le Pen, detém o equilíbrio de poder. Portanto, o premiê está essencialmente desafiando Le Pen a derrubar a sua administração, matar o orçamento e, como advertiu Barnier, desencadear uma corrida contra a dívida soberana de França.
As ações francesas tiveram queda acentuada nas últimas semanas, e o prêmio exigido pelos investidores para manter a dívida de longo prazo do governo subiu para o seu nível mais alto desde a crise da dívida da zona euro de 2012. Nos últimos dias, a taxa de financiamento da França se equiparou ao da Grécia, o principal país da zona euro com dificuldades fiscais.
"Votaremos a favor da moção de censura", disse Le Pen na segunda-feira, referindo-se ao voto de desconfiança esperado para o final desta semana. "O povo francês não tem nada a temer."
O impasse constitui um teste decisivo para saber se Le Pen tem credibilidade para, em última análise, substituir décadas de governo do establishment político francês, incluindo o presidente Emmanuel Macron, cujo mandato termina em 2027.
Para Le Pen, a crise do custo de vida enfraqueceu a classe média e os trabalhadores. O orçamento de Barnier exige 60 bilhões de euros - equivalentes a US$ 63,5 bilhões - em cortes nas despesas e aumentos de impostos para reduzir o déficit de França, que deverá atingir mais de 6% do Produto Interno Bruto este ano, o dobro do limite da União Europeia. Os cortes de impostos de Macron para empresas e famílias - além de subsídios significativos para combater a pandemia e o aumento nos preços da energia depois da Rússia ter invadido a Ucrânia - abriram um buraco nas contas públicas.
Entre as demandas de Le Pen está a indexação dos valores das pensões à inflação. Fonte: Dow Jones Newswires
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