Música clássica com jovens talentos das periferias nesta quarta
Adolescentes e crianças vão tocar instrumentos e soltar a voz no concerto gratuito “Sinfonia D’Favela”, em Vitória
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Cerca de 80 crianças e adolescentes, entre 8 e 18 anos e que moram em comunidades da Grande Vitória, vão soltar a voz e tocar instrumentos de música clássica nesta quarta-feira (04), durante a apresentação gratuita do concerto “Sinfonia D’Favela”, na capital.
Os jovens talentos integram a Orquestra Sinfonia D’Favela e o Coral Serenata D’Favela, ambos projetos do Instituto Serenata D’Favela, e serão regidos pelo maestro venezuelano Jesus Gavidia.
O espetáculo, que terá em seu programa obras de compositores clássicos como Bach, Beethoven e Mozart, ainda vai contar com as participações do maestro Arifer Gomes, da cantora Jaddy e dos rappers Cesar MC e VK Mac.
“A orquestra é composta por crianças que nunca haviam tocado em um instrumento e que agora tocam clássicos da música erudita. Já o coral faz uma abertura com uma música em latim e outra em grego. Vamos surpreender”, promete Luciene Pratti Chagas, professora e idealizadora do Instituto Serenata D’Favela.
O coral vai do erudito ao rap, o que justifica a presença dos artistas convidados. Cesar MC é embaixador do instituto e já recebeu o Coral Serenata D’Favela em duas músicas de seu repertório: “Canção Infantil” e “Antes que a Bala Perdida Me Ache”.
“Ver as crianças, adolescentes e jovens descendo as vielas com seus instrumentos é resistência, esperança e principalmente superação por justiça social. Para nós, é gigante e inusitado estar nos palcos ilustres da nossa capital, Vitória, como o Sesc Glória” relatou Chagas.
Em novembro, o “Sinfonia D’Favela” será apresentado no Uruguai. “Imagina o que serão esses meninos passando pelas vielas com suas malas e instrumentos?”.
Fundado em 2010 pela professora Luciene Pratti Chagas, o Instituto Serenata D’Favela surgiu com a missão de usar a arte como uma ferramenta de transformação social para crianças e jovens das favelas de Vitória.
“Nosso principal objetivo parte de ser e fazer o menino feliz e de ele ter oportunidades dentro da periferia com justiça social. É dar condição para o jovem perceber que pode. Chegarmos até aqui só foi possível porque todo mundo quis”, salienta Luciene.
Inicialmente, o projeto atendia apenas crianças do Morro do Quadro, na capital, mas hoje abrange comunidades da Grande Vitória. Ao todo, são atendidas 325 pessoas, entre jovens e seus familiares.
“O instituto existe para que nossos jovens em nenhum momento vejam o tráfico como opção. A transformação acontece a partir da oportunidade que é dada. A gente mostra aos meninos que existe muita vida pela frente”.
Serviço
- “Sinfonia D’Favela”
O quê: Apresentação da Orquestra Sinfonia D’Favela e do Coral Serenata D’Favela, com o maestro Jesus Gavidia. Participações dos rappers Cesar MC e VK Mac , da cantora Jaddy e do maestro Arifer Gomes.
Quando: Nesta quarta-feira (04), a partir das 19h30.
Onde: Teatro Glória, no Sesc Glória. Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória.
Quanto: Entrada gratuita. A retirada de ingressos acontece 1h hora antes do evento, na bilheteria do Sesc Glória.
“É muito talento e muita gente preciosa junta”- Cesar MC
A Tribuna- Como é ser embaixador do Instituto Serenata D’Favela?
Cesar MC- Talvez seja um dos maiores presentes da minha caminhada. Ser reconhecido como parte de um movimento tão grande e ser embaixador do projeto, para mim, é o ápice. É olhar nos olhos desses jovens e trocar vivência e inspiração.
Você se vê nessas crianças?
É impossível não se ver, né? São 27 anos de Morro de Quadro, onde eu me desenvolvi, cresci, corri, joguei bola, sonhei, tentei... São muitas situações e até hoje a gente se encontra nelas. Nos mesmos sonhos, nas mesmas metas.
Em meio a tantos desafios, a gente se desafia a dizer que esse espaço é nosso, que a música é um lugar de transformação. Ali a gente sonha e tem escrito possibilidades.
Você é visto como uma inspiração para esses meninos?
Eu me vejo e eles falam. Isso me gera uma responsabilidade e um temor muito grande. Mas é uma alegria, um privilégio. Da mesma maneira, deixo eles totalmente conscientes que nós somos essa arte, nós somos esse lugar, nós somos essa fomentação.
Eu acolho esse abraço que eles me dão, mas sempre deixo claro que é muito talento e muita gente preciosa junta. Eles são muito mais fortes e muito mais talentosos do que qualquer movimentação ou qualquer lugar que eu possa alcançar um dia.
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