Novos produtos do campo chegam a R$ 6 mil o quilo
Baunilha, chamada de “ouro da gastronomia”, e a fruta physalis, de origem colombiana, estão entre os novos cultivos no ES
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Produtores rurais do Espírito Santo vêm investindo em novas culturas, de alto valor agregado, para fins comerciais. Entre elas, estão a da baunilha, segunda especiaria mais cara do mundo e chamada de “ouro da gastronomia”, que chega a custar R$ 6 mil o quilo.
Outro destaque é a physalis, fruta de sabor doce e levemente ácido, originária da Colômbia, que tem despertado a curiosidade dos produtores no Espírito Santo. Ela é muito utilizada para ornamentação de produtos da confeitaria e, no mercado, custa em torno de R$ 90 o quilo.
Em uma viagem ao Taiti, o empresário e produtor rural capixaba Claudio Coser, 66 anos, viu uma plantação consorciada de baunilha com pimenta-do-reino. Ele, que já cultiva a pimenta, resolveu investir também na baunilha.
Comprou algumas mudas, importadas do México, e começou a cultivar em casa. Depois, decidiu fazer uma plantação profissional em São Mateus, Espírito Santo. Este ano, a expectativa é de que sejam produzidos 180 quilos. A intenção é aumentar o plantio e chegar uma tonelada de baunilha.
Atualmente, ele cultiva a orquídea mexicana vanilla planifolia, que é considera a melhor baunilha do mundo, também chamada de baunilha de Bourbon. Em menor quantidade, também possui a do Serrado brasileiro e a do Taiti. O cultivo em si, segundo ele, é simples, o complicado é o pós-cultivo.
Biólogo pela Universidade de São Paulo (USP) Pedro Marques Galias Yoshinaga explicou que a planta é valorizada por causa dos custos e do trabalho envolvido. “O processo inteiro é muito delicado e custoso, pois não pode ser automatizado, exige mão de obra manual”.
No pós-cultivo há o processo de secagem e cura, que envolve lavar com água quente, secar ao sol e conservar do calor na sombra. Depois disso, a fava fica em um baú por três meses para apurar o aroma e sabor.
Você sabia?
A baunilha é uma orquídea cujas flores se abrem por algumas horas, em um único dia do ano. Cada flor só abre uma vez e fecha no mesmo dia.
Ela deve ser polinizada manualmente pela manhã e, se não for, não terá fruto.
A produção da baunilha
1- Plantio
O maior plantio de baunilha no Estado fica em uma propriedade em São Mateus. As mudas vindas do México foram plantadas em um viveiro organizado por estacas, que orientam o crescimento das plantas.
2- Flor rara
Cada flor da planta só se abre em um dia do ano. Abre pela manhã, fecha à tarde e nunca mais se abre. A primeira floração acontece de 2 a 3 anos após o plantio.
3- Polinização
A polinização é feita manualmente no dia em que a flor se abre. Como a planta possui a parte feminina e masculina, polinização é fazer com que o pólen que está na estrutura masculina encontre a estrutura feminina.
4- Favas
A partir da polinização, as favas começam a ganhar vida. Em nove meses elas já estão prontas para a colheita, que é manual.
5- Consumo
Depois vem a fase da secagem e cura. Para o consumo, a fava é partida ao meio e o seu conteúdo interno é raspado.
Saiba mais
Baunilha
A baunilha é uma orquídea que está começando a ser produzida no Espírito Santo para fins comerciais.
A maior produção do Estado é feita na propriedade Cachoeira do Cravo, na localidade de Nestor Gomes, em São Mateus, Norte do Espírito Santo. Atualmente são produzidos 180 quilos e a meta do produtor Claudio Coser é chegar a uma tonelada. No mercado, uma fava do produto custa de R$ 50 a R$60.
Atualmente, ele produz para o consumo interno no País, vendendo para chefs de São Paulo. Parte do produto também é comprado para a revenda dentro do Estado. A intenção do produtor é aumentar a produção para a exportação.
A baunilha pode ser utilizada tanto na gastronomia, para produção de bolos, sorvetes e doces, como também na indústria farmacêutica e na indústria de cosméticos.
Um dos grandes desafios da cultura é que o conhecimento sobre o seu cultivo, em língua portuguesa, é considerado restrito. Por isso, especialistas ressalta a importância do compartilhamento do conhecimento adquirido com a cultura.
Physalis
Originária da Colômbia, a physalis é uma fruta envolvida por um cálice de folhas finas de cor de palha, com gosto doce e levemente ácido.
Nos supermercados do Espírito Santo, é possível observar a comercialização da fruta importada. Contudo, no Estado, alguns produtores estão iniciando um cultivo da fruta em Santa Maria de Jetibá e Jaguaré, de acordo com a Coordenadora de Recursos Naturais do Incaper Fabiana Gomes Ruas.
Embora seja rica em nutrientes trazendo inúmeros benefícios à saúde, ela é pouco consumida. Em 2019, uma pesquisa do Incaper alertou produtores sobre cuidados essenciais ao plantá-la, a fim de evitar danos às lavouras. Preço médio no mercado: R$ 90 o quilo.
A fruta é muito utilizada como adorno para produtos gastronômicos, por seu aspecto singular e por ser comestível. É considerada promissora no Estado, segundo o Secretário de Estado da Agricultura Enio Bergoli.
Fonte: Incaper, Claudio Coser, Fabiana Gomes Ruas
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