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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Dia da Consciência Negra

Confira a coluna desta segunda-feira (11)

Padre Ernesto Ascione | 11/11/2024, 20:33 h | Atualizado em 11/11/2024, 20:33

Um desafio que a sociedade brasileira é chamada a enfrentar é a luta contra o racismo e a desigualdade social. Os principais fatores desse abismo de desigualdades em nosso País são: ideologia de gênero, cor de pele, sexualidade, condição socioeconômica e preconceitos raciais.

O “Dia da Consciência Negra” – que se celebra neste dia 20 de novembro – tem por finalidade diminuir essa distância para que as relações sociais melhorem e a nossa sociedade evolua na igualdade e fraternidade. O poeta e escritor martinicano Aimé Césaire criou o termo “negritude”, incentivando o povo negro a se unir, para lutar junto contra a escravidão.

Esse dia visa refletir sobre a presença dos afro-brasileiros na formação da identidade cultural; conscientizar sobre a importância da população negra e sua grande contribuição dada ao Brasil, em todos os campos; recordar a luta das lideranças negras contra o racismo; estudar uma maior inserção da comunidade negra na estrutura e no funcionamento da sociedade; incentivar um melhor conhecimento dos movimentos negros nas escolas e instituições públicas e privadas; combater preconceitos culturais – amplamente implantados ao longo da história em nossa sociedade – que se transformaram em medidas de opressão e de exclusão da população negra.

O dia 13 de maio não foi escolhido como data para essa comemoração, pois a abolição da escravatura no Brasil, realizada em 1888, pela Princesa Isabel, com a Lei Áurea – o Brasil foi o último país, que a aboliu – não melhorou a vida da população negra, pois não foi tomada nenhuma iniciativa – financeira, jurídica ou política – para garantir a integração dos ex-escravizados na sociedade.

Os negros não receberam nenhuma indenização pecuniária pelos trabalhos realizados nem oferta de terras, assistência social, educação, saúde, segurança e previdência, tornando-se, assim, mais uma categoria de marginalizados. A abolição da escravatura foi devida aos “Movimentos Abolicionistas Internacionais”, mais do que à sociedade brasileira.

O dia 20 de novembro foi escolhido para homenagear Zumbi dos Palmares e Dandara, sua esposa, figuras eminentes do mundo negro, grandes nomes entre os que mais se destacaram na luta contra a escravidão. Liderado por Zumbi (1655-1695), o “Quilombo dos Palmares” (Serra da Barriga – Alagoas), o maior e mais longevo quilombo, ofereceu refúgio a mais de 30 mil escravos, que fugiam dos maus-tratos dos colonos.

Zumbi ganhou respeito e admiração pelas suas qualidades de líder e sua coragem na defesa da população negra. Combateu contra a dominação dos brancos e deu a sua vida para que o seu povo tivesse “vida e vida em abundância”.

Zumbi teve uma formação esmerada pelo padre Antônio de Melo e foi batizado com o nome de Francisco. Acreditava que Deus é Pai de todos e ama a cada um de nós com o mesmo impulso de amor. Morreu mártir, dando exemplo de amor pelo seu povo.

Queremos, no dia 20 de novembro, agradecer a Deus pela vida dele, como também dos afrodescendentes que muito lutaram pela grandeza do Brasil. Que a Mãe Aparecida, que, ao escolher a raça negra, dignificou o povo africano, proteja os afrodescendentes e os ponha debaixo de seu manto materno.

PADRE ERNESTO ASCIONE é missionário comboniano

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