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Leitores do Jornal A Tribuna

Cada história, uma lição de vida, na luta contra o câncer

Texto produzido para a Tribuna Livre

Virgínia Altoé Sessa | 08/04/2024, 18:04 18:04 h | Atualizado em 08/04/2024, 18:04

Imagem ilustrativa da imagem Cada história, uma lição de vida, na luta contra o câncer
|  Foto: Reprodução/ AT

Ao longo dos séculos, protagonistas de grandes feitos, conquistas e descobertas nos inspiram com suas histórias. E não faltam exemplos que nos ensinam e estimulam nossa resiliência e obstinação diante das nossas próprias adversidades.

Longe das páginas dos livros e dos holofotes que nos permitem conhecer tantas personalidades admiráveis, quero chamar atenção para um grupo de guerreiros anônimos que lutam bravamente pela vida: os pacientes oncológicos, cuja realidade de muitos deles conheço bem de perto.

No dia 8 de abril, celebramos o Dia Mundial de Combate ao Câncer. E na linha de frente combatendo essa doença, os pacientes travam lutas diárias contra um time de oponentes: o diagnóstico, as adversidades do tratamento, a falta de recursos e as suas próprias fraquezas internas que, por tantas vezes, insistem em mostrar que o esforço é em vão.

Em contrapartida, a capacidade de acreditar que é possível vencer mesmo nas circunstâncias adversas ilumina as obscuridades e as incertezas desse caminho tão desafiador, mesmo quando a ciência não traz as respostas desejadas ou quando os resultados não são claros ou imediatos.

Segundo o teólogo norte-americano William Barclay, “perseverante é o espírito que pode suportar coisas, não simplesmente com resignação, mas com fervorosa esperança”.

Ter esperança, contudo, não significa ser forte o tempo todo, nem seria cabível esperar de um paciente oncológico uma força constante e inabalável. Afinal, os dias ruins vêm para todos, e com quem enfrenta uma enfermidade grave não é diferente. Mas, saber identificar aqueles pequenos avanços como passos importantes faz toda a diferença entre seguir acreditando e entregar os pontos.

Em meio a esse turbilhão de incertezas e medos, é comum esquecer de uma grande verdade: as lutas passam, por mais difíceis que elas sejam. Por mais desgastante que seja atravessar o deserto, ele é lugar de passagem e não de permanência. Essa fase também vai embora e, um dia, será lembrança. E aí pode ser que a pessoa se surpreenda ao perceber que é mais forte do que imagina. Ou nunca imaginou que um dia seria.

É pouco provável que as histórias de tantos pacientes oncológicos se tornem conhecidas por um grande número de pessoas, ou se tornem páginas de livros sobre superação e resiliência. Mas, não há dúvida de que irão impactar a vida de alguém e servir de inspiração e estímulo para quem, um dia, tiver que enfrentar a doença ou algo parecido.

A forma como conduzimos nossas vidas e a maneira com que lidamos com nossas lutas mais difíceis irão tocar outras vidas e influenciar outras caminhadas árduas em busca da tão sonhada cura, seja das enfermidades do corpo ou da alma.

Nós, médicos, temos a ciência como uma aliada fundamental que nos abre e aponta caminhos nessa missão de combater doenças e restabelecer a saúde dos enfermos que cuidamos. Entretanto, o ensinamento mais valioso nós encontramos na jornada de cada paciente que enfrenta a doença com as forças que dispõe e/ou que decide seguir, mesmo sem forças. E, só por isso, ele já é um vencedor.

- VIRGÍNIA ALTOÉ SESSA é médica oncologista.

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