A quem interessa a humanização nas empresas?
Artigo publicado na coluna Tribuna Livre, do Jornal A Tribuna
Eu me arrisco a dizer que você, que está lendo este artigo, já pelo menos ouviu falar de empresas que deixam os colaboradores levarem o animal de estimação para o trabalho, que criaram espaço de lazer e relaxamento para a equipe ou que adotaram qualquer outra estratégia para tornar o ambiente de trabalho mais amistoso, prazeroso. Essa é, felizmente (no sentido mais literal do advérbio), uma tendência no mercado a que chamamos de humanização.
Humanizar é mudar a cultura da empresa de forma a adotar medidas que resultam na felicidade, na satisfação dos colaboradores. Mas a quem, afinal, interessa essa humanização? A todos, simplesmente. Basta um raciocínio lógico, para entender o porquê.
Primeiro, ganham os profissionais, que passam a ter mais qualidade de vida no ambiente de trabalho e, consequentemente, mais bem-estar físico e mental. Eles trabalham felizes, dispostos a retribuir o bem que recebem e, mais do que isso, passam a se sentir emocionalmente comprometidos com a empresa, sentem-se parte dela.
Esse conjunto de condições é superfavorável para a organização, que ganha uma equipe mais satisfeita, engajada e produtiva. Logo, ganha resultado. É uma contradição positiva: você gera resultados, à medida que diminui a pressão por resultados.
Os clientes que já consomem produtos e serviços dessa empresa ganham a satisfação por estarem comprando de um fornecedor politicamente correto, comprometido com o bem-estar das pessoas. Isso gera fidelização.
Os consumidores que estão à procura dos bens e/ou serviços que essa empresa oferece tendem a escolhê-la, em detrimento de outra que não mantém uma cultura humanizada ou, pior ainda, conhecida por oferecer condições de trabalho desumanas. Isso gera novos clientes.
Esse é apenas um esquema aparentemente óbvio para mostrar que vale a pena investir em humanização. E digo investir no sentido de fazer algo e poder contar com o retorno, que certamente chega, de uma forma ou de outra.
Empresas humanizadas promovem relações mais saudáveis e justas, eliminando diferenças que possam existir por causa de sexo e cor de pele, por exemplo.
Empresas humanizadas são mais seguras, porque se preocupam em oferecer infraestrutura adequada à manutenção da integridade dos trabalhadores. Empresas humanizadas tendem a ter menos afastamentos por transtornos mentais, uma vez que promovem ambiente emocionalmente saudável e acolhedor.
Ações desenvolvidas a fim de humanizar a cultura organizacional não devem ser encaradas como gasto pelos empreendedores, mas, sim, como investimento. Afinal, o mercado está mais exigente com relação a isso. Consumidores, parceiros e investidores estão atentos às práticas de ESG nas empresas, dentre as quais estão as relacionadas ao compromisso social.