No geral, todos os países agora enfrentam um complexo rearranjo
Confira a coluna desta quarta-feira (09)
“Guerra nuclear econômica. Foi assim que Bill Ackman (um dos mais influentes investidores do mundo) se referiu ao tarifaço de Trump, caso seja mantido.
Após impor tarifas de 34% sobre produtos importados da China (no autoentitulado “Dia da Libertação” no último dia 2), os Estados Unidos subiram a alíquota para 50% em resposta à retaliação do governos chinês.
Agora, já se fala em 104% de tarifas sobre produtos importados do gigante asiático pelos americanos. Com uma crise atingindo escalas cada vez maiores, os mercados globais seguem pessimistas.
O S&P500 (principal índice das bolsa americanas) já despencou mais de 12% desde o último dia 2 e o dólar voltou ao patamar de R$ 6.
Tudo isso precifica a incerteza sobre o futuro da economia mundial que pode passar por grave recessão e inflação, caso essa guerra comercial se consolide. Até o momento, ainda há muita especulação se tais tarifas são mais uma ferramenta utilizada por Trump para sentar à mesa de negociações.
Por ora, mais de 50 países já se prontificaram a negociar com os americanos, mas outros (como a China) elevaram o tom e seguem aplicando reciprocidade.
Seja como for, as ações em curso mostram uma clara ruptura com antigas alianças e colocam em xeque a credibilidade dos Estados Unidos no cenário global, que poderá levar décadas para se recompor (segundo Ackman).
Nesse contexto, apesar de apresentarem componentes transitórios, as estratégias de negociação de Trump podem estar gerando um problema estrutural na economia e na geopolítica.
Não é à toa que China, Japão e Coreia do Sul começaram a articular uma aliança contra as novas tarifas. Esse movimento mostra claramente mudanças significativas na relação entre antigos rivais frente a uma ameaça comum potencialmente maior.
No caso da China, inclusive, o governo estuda estimular o consumo interno para suprir a oferta de produtos até então exportados aos americanos. De fato, um desafio para um país exportador que se tornou competitivo com mão de obra barata.
No geral, todos os países agora enfrentam um complexo rearranjo, inclusive os próprios Estados Unidos, que estão constituindo para si uma nova realidade perigosa.
A solução para isso tudo? Inevitavelmente a democracia e seus freios e contrapesos. Afinal, o eleitor americano, quando estiver sofrendo com recessão e inflação, como reagirá? E os 60% dos aposentados que têm suas previdências no mercado financeiro (cujos preços não param de cair)? Como devem estar se sentindo?
Deixar a democracia prevalecer é, de fato, um importante mecanismos de correção de rumos. O grande risco está em ignorá-la ou corrompê-la. Veremos os próximos passos”.
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