Todas as emoções têm espaço
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (27)
Quando foi lançado “Divertida Mente”, filme da Pixar, eu estava no cinema com o meu filho e disse: “Nossa! Este filme é muito bem elaborado”. A partir daquele dia, pelo menos uma vez por semestre, a “profa” de Psicologia Sátina Pimenta passava um “desenho animado” para um bando de universitários a fim de demonstrar conceitos como personalidade – sua (re)construção durante a vida –, aprendizado, memória, outros processos básicos psicológicos e, principalmente, emoções.
No primeiro filme, a principal lição aprendida é que não dá para ser feliz o tempo todo. A tristeza tem um lugar importante para a regulação emocional.
Falamos muito sobre depressão, mas há uma síndrome chamada Algelman, ou Síndrome das Marionetes Felizes, condição genética rara em que a pessoa sente-se alegre o tempo todo, mesmo que esteja diante de adversidade que entristeceria qualquer um.
A sequência “Divertida Mente 2” oferta-nos mais algumas lições. A animação inicia-se com a chegada de novas emoções à central de controle da agora adolescente Riley.
Você se lembra de quando começou a conhecer os seus sentimentos?
Da primeira vez que teve raiva, medo, inveja ou vergonha? Provavelmente, se você tiver mais de 30 anos hoje, não! Mas, quando se é adolescente e ainda se busca uma “identidade”, o surgimento dessas novas emoções bagunça tudo!
Os novos sentimentos apresentados são: Inveja, Vergonha e Ansiedade. Perceba! Com o desenvolver do nosso corpo e das nossas relações sociais, somente os sentimentos primários, como Alegria, Medo, Nojo e Raiva, não darão conta das experiências complexas que virão e, portanto, é preciso um reforço.
Vergonha junta-se ao Medo e ao Nojinho para constituir a habilidade social necessária para a vida em sociedade, sendo eles responsáveis pela formação do conceito “certo e errado”.
Afinal, se você pensar bem, não fará algo “errado” porque algumas dessas emoções estão presentes no ato (Medo e Nojo) ou poderão ser consequência deste (Vergonha ou Medo).
Inveja é uma personagem pequena, mas presente. Uma vez falei aqui que todo mundo sente inveja, e não retiro o que eu disse. A Inveja da Pixar é aquela que nos faz compararmo-nos com os outros, não para tomarmos deles o que possuem, mas para melhorarmos e termos o que eles possuem. Para o controle emocional, porém, ela não pode crescer.
Ansiedade aparenta ser a grande vilã da história, pois, ao não ser compreendida pelos outros sentimentos, busca tomar o controle da situação. O grande problema não é a presença ou não da ansiedade, muito pelo contrário, ela é o sentimento que nos faz pensar no futuro e consequentemente nos preparar para ele.
O X da questão é o controle da pessoa por um único sentimento. Seja ele qual for!
É importante entendermos que, quando na psicologia falamos de regulação emocional, estamos falando de compreendermos quando, como, por que e por quanto tempo uma emoção deverá se sobrepor a outras. Não eliminamos as nossas emoções, apenas entendemos como usá-las. Essa é a grande chave!