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Olhares Cotidianos

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Colunista

Importância do silêncio

Coluna foi publicada nesta quinta-feira (30)

Sátina Pimenta | 31/05/2024, 10:47 h | Atualizado em 31/05/2024, 10:47

Imagem ilustrativa da imagem Importância do silêncio
Silenciar não é calar-se, mas sim organizar para que a fala seja real e legítima |  Foto: © Divulgação/Canva

Fiz um retiro no Mosteiro Budista do Espírito Santo (aquele do Buda gigante). Quando comentei para algumas pessoas que ficaria três dias lá, veio a pergunta: “Você sabe que tem voto de silêncio, né!?”. Fiquei doida! Logo eu, que falo pelos cotovelos? 

Cogitei desistir, pois tive medo do silêncio! Entretanto, botei meu medo na mochila com roupas quentinhas, um livro e itens de higiene e fui! 

Quando cheguei no mosteiro, fui recepcionada por monges que explicaram as regras e, adivinhem? Havia, sim, o silêncio, mas não era o tempo todo! Ele estava restrito à celebração das refeições e à prática da meditação. O resto estava liberado! Ufa! 

Mas, por que tive tanto medo do silêncio? Isso me intrigou bastante. Mas sigamos! 

No jantar, já me senti estranha, os monges explicaram que comer é algo sagrado e que precisamos nos conectar com a comida que alimenta nosso corpo e nos permite estar vivos.

Acho que nunca comi tão rápido, porque na minha cabeça eu levantaria e sairia de lá. Ledo engano. Enquanto a maioria não tivesse finalizado a sua refeição reflexiva, não poderíamos sair! 

Foi a primeira vez que o silêncio falou! Como não tivemos a oportunidade de nos apresentar e nem tempo para dizermos uns aos outros quem “achávamos” que éramos, o silêncio fez nossa mente imaginar narrativas fantasiosas sobre aqueles que nos rodeavam! 

A primeira meditação foi um divisor de águas da minha relação com o silêncio! Não que eu nunca tenha tentado fazer meditação em casa, mas sou uma mulher da cidade, e aqui milhares de barulhos acabam com o silêncio. É um silêncio de mentirinha. 

No mosteiro também não há ausência total do silêncio, há os mantras, sons da natureza, mas há principalmente o som que o seu corpo emana: o som da sua respiração, das suas vértebras movendo-se para encontrar o lugar mais confortável, da câimbra no pé, mas principalmente da sua mente, que inicialmente não para de pensar no mundo lá fora. Falei: “Pronto! Deu errado, não vou conseguir ficar 40 minutos, 4 vezes por dia, e está era a primeira noite!”. 

Vivemos com tantos estímulos no dia a dia que esquecemos que o silêncio existe. Porém, diversos estudos deixam claro que ele é necessário. Os barulhos externos geram cansaço físico e psicológico, pois acionam nosso sistema de alerta, fazendo com que o cérebro precise capturar muitas informações para entender  tudo que está ao redor. Por isso não descansamos nunca.

O problema é que neste mundo de sons nos distraímos e esquecemos o nosso som! Que por vezes é engolido ou distorcido, pois não damos a devida atenção! 

O segundo e o terceiro dia do retiro me mostraram isto! No segundo, eu ouvi meus monstros e no terceiro, eu me forcei a confrontá-los. Eu comigo mesma em silêncio com o mundo! Sem ouvir o julgamento ou a opinião alheia! 

Aprendi que o silêncio tem um lugar essencial: o do pensar! E se “penso, logo existo”, então eu existo me silenciando para me ouvir. 

Descobri que silenciar não é calar-se, mas sim organizar-se em silêncio para que a minha fala seja real, legítima e fiel a mim.

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