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Olhares Cotidianos

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Colunista

Finalizando ciclos

Coluna foi publicada nesta quinta-feira (19)

Sátina Pimenta | 19/09/2024, 11:17 11:17 h | Atualizado em 19/09/2024, 11:17

Imagem ilustrativa da imagem Finalizando ciclos
Finalizar ciclos é essencial para abrir espaço para o novo |  Foto: Canva

Navegando nas redes sociais, me deparei com esta reflexão: “Meu pai costumava ficar tão zangado toda vez que minha mãe chegava em casa trazendo uma nova caneca de café (ela gosta de colecioná-las). O seu novo namorado literalmente construiu uma parede para exibir a coleção dela!”

Em um atendimento psicológico, acabei utilizando-o para demonstrar a uma paciente como às vezes precisamos finalizar ciclos que não nos reconhecem, respeitam ou admiram como somos, para então estarmos livres para recebermos isto em outro espaço, lugar, pessoa e até em nós mesmos.

Veja bem, se você fosse um pote e cada pessoa que você colocasse em sua vida fosse um grão, você concorda comigo que uma hora este pote ficará cheio e não caberá mais ninguém?

Mas grãos mofam, estragam, ficam amargos. Neste ponto, precisamos fazer uma escolha: ou permitimos que eles fiquem lá ou os retiramos, abrindo espaço para o novo. Não que não possam existir grãos amargos. Eu gosto de jiló, por exemplo, mas gosto mais de doce, e este acaba nem me fazendo sentir o amargo daquele. Estou cheia de metáforas hoje! Obvio que não estamos falando de comida aqui!

Estamos metaforizando relações. Podemos muito bem lidar com certos azedumes de pessoas que colocamos em nossas vidas. A mãe da história inicial poderia pensar “Affe nem ligo! Reclama aí que eu fico com as minhas canecas” e o casal seguiria lindo na vida com esta contraposição. E está tudo bem. Afinal, ninguém será perfeito para ninguém, pois somos humanos. 

Todavia, se as canecas forem muito importantes, como, por exemplo, um valor moral que a pessoa possui e não aceita o contrário, aí temos um problema. Pois ao aceitar deixar de lado o que é nosso, estamos deixando de lado nossa essência e aquilo em que acreditamos.   

E quando fazemos isto, nós permitimos que o Outro passe a ocupar um espaço maior no nosso pote; ou passe a azedar outros grãos; ou passe a ser dono do pote, ou seja, da nossa vida.  Já contei aqui que, certa vez, solicitei para uma paciente recém-separada que ela me dissesse o que realmente gostava de fazer. Parece uma pergunta simples, né?!

Porém, não foi (na verdade, na maioria das vezes não é). Ela sempre fazia as coisas pelo marido e pelos filhos e, com o tempo, passou a acreditar que os desejos deles eram os dela. Lembro de uma frase marcante deste atendimento: “Não sei nem se eu gosto de cerveja! Eu acho que eu gosto mesmo de vinho! Mas não tenho certeza!”

Há um caminho de volta neste processo. Ele é doloroso, afinal, acreditávamos estar fazendo escolhas certas, porém erramos e precisamos reconhecer isto. A partir daí entramos na fase do esvaziamento, onde retiramos aquilo que já não nos faz bem e abrimos espaço para coisas novas. 

Porém, atenção! Não adianta buscar pelo novo se não abandonou as percepções antigas. As novas escolhas deverão ser munidas de consciência. Consciência sobre aquilo que se foi e aquilo que se almeja ser. Se assim não o for, é trocar seis por meia dúzia. E aí, como vai seu pote?

Imagem ilustrativa da imagem Finalizando ciclos
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: Acervo pessoal

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