Amor de Carnaval
Confira a coluna desta quinta-feira (06)
Conheci o amor da minha vida no Carnaval! Miga, cê tá louca?! E por que não? Por que não conhecer o grande amor da nossa vida numa das maiores festas do mundo? Quando me deu o estalo de falar sobre isso, fui atrás de histórias reais de amor que só aconteceram porque o Carnaval aconteceu.
Pessoas que se conheceram em blocos de rua ou debaixo de trios elétricos e que, anos depois, voltaram aos mesmos trios para celebrar o casamento, oficializado pelo próprio vocalista (vi isso no Vital, no bloco do Chiclete com Banana #euestavalá).
Histórias de tímidos que se apaixonaram por rainhas de bateria no Rio, ou de completos opostos que se encontraram no Carnaval do Centro de Vitória e hoje levam seus filhos para a folia!
Teve o casal que se encontrou no meio da multidão, passou dias grudado, mas se perdeu na dispersão do bloco e, por anos, voltou ao mesmo lugar na esperança de um reencontro – até que, no quarto Carnaval seguido, finalmente se acharam de novo.
Teve também o homem que, no meio do desfile da Sapucaí, viu uma mulher na arquibancada, anotou o telefone em um papel e jogou para ela. O número estava incompleto, mas, ainda assim, ela passou meses tentando adivinhar o final até conseguir ligar. E teve aquele bilhete escrito numa lata de cerveja, esquecido na bolsa de uma amiga e encontrado tarde demais – quando ele já estava em outra história.
A gente pode até pensar que o amor nascido no Carnaval é bagunça, mas será que é mesmo? O Carnaval é um momento de extravaso, de libertação. A gente deixa pra lá um pouco dos nossos limites e se permite ser o que talvez tenha medo de ser no dia a dia. E, no meio dessa liberdade, a gente se permite amar, se apaixonar, viver coisas que, fora da euforia, talvez não teríamos coragem de viver.
A Teoria da Excitação e Atribuição de Emoção, de Dutton e Aron, pode ajudar a entender por que tanta gente se apaixona no Carnaval. Ela sugere que, quando estamos em um estado de alta excitação – seja pelo medo, pela adrenalina ou, no caso aqui, pela música, dança e energia da festa – podemos acabar atribuindo essa sensação intensa à pessoa com quem estamos interagindo.
Ou seja, a batida do tambor, a multidão vibrando, a sensação de liberdade… tudo isso pode potencializar o encantamento e fazer com que um encontro pareça ainda mais mágico.
Mas e quando o som abaixa? Quando a fantasia volta para a gaveta? A emoção foi sobre a pessoa ou sobre o momento? E essa é a grande dúvida. A verdadeira questão não é se dá para encontrar um amor no Carnaval. Isso acontece o tempo todo.
A pergunta real é: esse amor resiste ao fim da festa? Porque ali, no calor da música, entre confetes e fantasias, tudo parece encaixar. Mas e quando o silêncio da Quarta-feira de Cinzas chega? Será que o casal que se encontrou no meio da folia quer continuar pulando junto quando a rotina voltar?
A resposta não está no destino, nem no acaso. A resposta está neles. São eles que vão decidir se esse amor foi só um delírio de Carnaval ou se vale a pena carregar essa alegria para além dos dias de festa. Se vão continuar vibrando a mesma energia, se vão seguir fantasiando juntos, se vão fazer da vida um eterno bloco ou se vão preferir guardar aquele encontro como uma lembrança bonita e nada mais.
Porque amar também é isso: escolher. Escolher se esse Carnaval foi só um momento ou se ele é o primeiro de muitos que virão.
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