X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Nilza de Carvalho: “Chique era ter sua própria costureira”

Aos 90 anos, Nilza de Carvalho tece a vida com suas múltiplas experiências, de costureira amodelo e miss


Imagem ilustrativa da imagem Nilza de Carvalho: “Chique era ter sua própria costureira”
Nilza de Carvalho mostra as suas variadas facetas em relato sobre suas nove décadas de vida |  Foto: Fábio Nunes/ AT

“Envelhecer é um privilégio que deve ser apreciado por todos. Aos 90 anos, continuo feliz, alegre e cheia de amor à vida. Acompanhei as transformações sociais e da moda nesses anos. Hoje, vivemos um período em que tudo se compra pela internet, até as roupas. No entanto, no passado, chique era ter a própria costureira.

Nasci em Alegre e, logo depois, fui para o distrito de São Francisco, em Afonso Cláudio. Era uma região pequena, com poucas famílias e apenas uma rua principal.

Naquela época, morávamos muito longe de costureiras, mas muitas famílias tinham a máquina de costura em casa. Meu pai comprava um jornal em que as modelos ensinavam a costurar. Eu, pequenininha, já comecei a costurar roupas para as minhas bonecas. Olhava como se fazia nos jornais e aprendia.

Fui aprendendo a costurar com o tempo e, quando vi, eu já era a costureira do bairro. Eu aprendi a fazer tricô com varinhas de bambu e um barbante vendido no comércio que meu pai tinha.

Vida pessoal

Lá no distrito de São Francisco, em Afonso Cláudio, não tínhamos bom acesso à educação, e nem existia transporte público. Por conta disso, só pudemos estudar até o 5º ano. Eram outros tempos.

Aos 17 anos, me casei, tive meus filhos e iniciei a construção do meu maior orgulho em vida: a minha família. Em busca de oportunidades, viemos para Expedito, em Cariacica, e fomos a terceira família a ocupar o bairro. Hoje, tenho até o título de cidadã cariaciquense, algo de que me orgulho.

Vivíamos com muita dificuldade, e eu não imaginaria que construiria a minha vida e formaria os meus filhos com a costura.

Costura

Era muito chique quando a pessoa tinha a própria costureira para criar roupas únicas, que ninguém tinha. As grandes lojas de departamento não eram tão comuns na época, e todos preferiam peças únicas. A demanda pelas costureiras era muito alta, mas, ainda assim, sempre me recusei a negar clientes.

Chegava a trabalhar na madrugada, mas atendia todos que me consultavam. Assim, formei e eduquei meus filhos e filhas. Nunca aprendi a fazer corte de costura, até porque nunca tive formação para ser costureira.

Por conta de uma indicação, eu me tornei costureira da alta sociedade capixaba. Fazia trabalhos para a esposa do Nelson Monteiro, por exemplo. Depois, de indicação em indicação, eu tracei meu caminho e passei a trabalhar para muitas personalidades importantes.

A costura sempre foi minha paixão e, de vez em quando, ainda arrisco algumas coisas, mas, por conta da idade, já não consigo trabalhar como antes. Apesar disso, não me deixei vencer pela idade.

Miss Terceira Idade

Com o envelhecer, tive de parar de costurar, mas construí outros afazeres. Após os 60 anos, eu decidi tentar coisas novas. Participei do concurso para Miss Cariacica Terceira Idade, e, para a minha surpresa, fui a vencedora da competição! Eles avaliaram a postura, a simpatia, o discurso, o desfile e a beleza.

Logo depois, venci o Miss Espírito Santo da Terceira Idade, o que foi uma surpresa ainda maior. Eu via aquelas mulheres altas, loiras e lindas das colônias italianas do Estado e não pensava que pudesse vencer o concurso. Todas queriam se exibir, mas eu não era assim. Eu ficava no meu lugar, fazia o meu trabalho e desfilava. Foi assim que ganhei.

Além disso, tive aulas de pintura e já pintei quadros para toda a minha família, além de decorar toda a minha casa com o meu trabalho. A pintura se tornou uma das minhas atividades preferidas.

Lições da vida

Com a internet, aprendo tudo com os vídeos. Se na minha época tivéssemos esse acesso às informações, tudo seria mais fácil.

Eu lutei, lutei e lutei. Agora, vejo o resultado de todo o meu esforço. Tenho tudo o que eu preciso, sou muito feliz e rodeada por pessoas que eu amo e que me amam. As maiores riquezas da vida, na minha opinião, são a família e a maternidade.

Com isso, digo: a vida sempre pode nos surpreender, nos fazer aprender e nos levar a bons caminhos que não imaginaríamos. Só precisamos encontrar as alegrias do viver e lutar pela felicidade.”

- Depoimento ao repórter Jonathas Gomes.

Quem é

Nilza de Carvalho Pimenta, de 90 anos, é costureira, modelo e artesã. Foi eleita Miss Cariacica, Miss Espírito Santo e Miss Cooperativistas, todas na categoria Terceira Idade.

Na adolescência, aprendeu a costurar sozinha e, anos depois, se tornou a costureira de personalidades da alta sociedade capixaba. Na entrevista, Nilza conta que, há poucos anos, chique mesmo era ter a própria costureira.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: