Chef de Guarapari é eleito o melhor da Copa
Victor Ferri corrigiu erros de outras cozinhas nos estádios e até foi contratado pela família real da Arábia Saudita, para onde embarca nesta quarta
Escute essa reportagem
Dos oito estádios que sediaram a Copa do Mundo no Catar, somente um, o Al Thumama, recebeu para comandar a cozinha um chef brasileiro. E, aos 31 anos de idade, Victor Ferri foi eleito o melhor profissional com serviço executado.
O reconhecimento veio pela família real e pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), não somente pelo estádio em que era responsável, mas por corrigir os erros de outro estádio, o Education City, em toda a Copa.
Ao todo, mais de 60 chefs tinham a mesma função de Victor, de “head chef”, que comandava uma equipe de cozinha completa, o que para ele foi um orgulho.
“A mão de obra que trabalhou na cozinha que eu comandei foi turca e sul-africana, pessoas muito boas, com bastante experiência. Também sou grato por isso. A gente no Brasil se sente menosprezado, porque é difícil empreender e sair assim, mas estou muito feliz com cada conquista”, afirmou.
No estádio onde corrigiu o trabalho na cozinha, Victor ressalta que por ser sua segunda Copa, a experiência contou muito.
Convite
O chef foi convidado para receber, junto com o jogador Richarlison, o título de cidadão espírito-santense. É que apesar de morar em Guarapari desde criança, Victor é paulista, mas se considera um capixaba de coração.
E com tantos elogios, ele foi contratado pela família real da Arábia Saudita e está embarcando hoje para o país, onde deve permanecer por três meses. A família real em locais que ainda possuem monarquia é tratada como dona daquele país, como no caso do Catar.
“Foi uma experiência incrível”
A Tribuna - Como foi servir a família real do Catar?
Victor Ferri - Cada prato que o emir (líder do país) ia comer precisava ser servido quatro vezes. É que antes dele comer, quatro equipes comiam todo o cardápio. Depois vinha um laboratório para fazer os testes químicos para ter certeza sobre a qualidade.
E o que mais ele pedia?
Hambúrgueres. A ideia era fazer a moqueca, mas lá descobri que eles não gostam tanto de peixe, não gostam nem do cheiro. E por conta da religião, não comem nada malpassado.
Havia restrições para o preparo?
Além do cheiro de peixe, que era proibido, não poder servir peixe cru, não podia ter cebola crua, por causa de mau hálito, e usar temperos ou ingredientes que tingem as mãos, porque alguns deles comem com as mãos. Beterraba e cenoura não podia usar.
E como foi o reconhecimento do emir com você?
A família real me agradeceu pelo atendimento, recebi gorjeta do emir e ele disse que nossa cozinha foi a melhor de todos os estádios. Depois a Fifa nos entregou a placa como forma de reconhecimento. Foi uma experiência incrível.
Comentários