Médico geriatra alerta: “O idoso não deve se acostumar com a dor"
Diogo Kallas destaca que toda dor deve ser investigada e que hoje existem muitas intervenções voltadas para o tratamento
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Apesar de serem mais frequentes com o avanço da idade, as dores crônicas – que permanecem por meses ou até anos – não são causadas pelo envelhecimento.
O geriatra e especialista em dor crônica Diogo Kallas destacou que entre 30% e 50% da população brasileira acima dos 60 anos tem dor crônica. Mesmo assim, toda dor deve ser investigada. “O idoso não deve se acostumar a sentir dor”.
Ele ainda destacou que hoje há uma série de intervenções voltadas para o tratamento de dores crônicas.
A Tribuna - O que se tem de novidades na área da dor?
Diogo Kallas - "O estudo da dor evoluiu em vários aspectos. Passamos a entender seus mecanismos e porque que se provoca a dor. Antigamente, pensava-se que a dor era algo apenas sensitivo. Hoje, sabemos que existem mecanismos emocionais e sociais também que provocam. Isso contribui para a adequação do tratamento."
- Sobre tratamentos, há também uma evolução?
"Do ponto de vista medicamentoso, existem sim novas drogas. Mas a medicina intervencionista também evoluiu muito. Hoje consegue-se fazer intervenções que há cinco ou 10 anos não tínhamos tanto acesso, pela complexidade, pelo custo."
- Como quais?
"Por exemplo, hoje é muito comum fazer bloqueios, infiltrações guiadas por ultrassom para casos de dores crônicas dentro do consultório. Antigamente, era preciso levar esse paciente para um centro cirúrgico, ele ficava internado.
Hoje em dia consegue-se fazer muitas vezes infiltrações guiadas por ultrassom dentro de um consultório médio.
Outros tratamentos que temos hoje sendo usados para tratar dor crônica é a neuromodulação, com uso de aparelhos de estimulação de transcraniana, além de implante de eletrodos intracerebrais ou intramedulares, e bombas de infusão de morfina implantáveis. Nesse caso das bombas de infusão são muito usadas em dores oncológicas."
- No paciente idoso, quais são as principais causas de dor crônica?
"As principais causas de dor no idoso são as doenças osteoarticulares, as neuropatias, principalmente associadas a doenças crônicas, como diabetes, infecções por herpes zóster, as nevralgias, as deficiências vitamínicas, as doenças oncológicas, as doenças inflamatórias, as causas vasculares."
- E até que ponto tem que se investigar a dor ou às vezes pode ser algo da idade?
"Temos que desmistificar, pois a dor não é algo que vem com a idade. Sabemos que é mais frequente após os 60 anos ter algum tipo de dor. Mas não é algo inerente ao envelhecimento.
Toda dor tem que ser, sim, investigada, avaliada e tratada. Não é porque nós achamos que seja normal é que nós vamos ter que conviver com essa dor, porque a dor tem um impacto muito grande na vida desse indivíduo.
O idoso não deve se acostumar a conviver com a dor. Isso leva ele a uma piora na qualidade do sono, no humor, no ânimo. Vai piorar a funcionalidade, vai aumentar o risco de queda. Ninguém tem que achar que a dor é “minha” e vamos seguir desse jeito."
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