824 bebês nasceram com sífilis em 2023
Doença transmitida da mãe para o filho pode causar má-formações ósseas, cegueira, surdez e até levar à morte fetal
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O Espírito Santo registrou um aumento no número de crianças nascendo com doenças ocasionadas pelas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Foram 824 bebês que nasceram com sífilis congênita em 2023, maior número desde 2014, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
O aumento nos casos de sífilis congênita reflete a alta nos casos da doença de forma adquirida- transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada: 8.081 casos foram registrados no Estado, maior número nos últimos quatro anos. Em gestantes, o número chegou a 2.258, em 2023.
Segundo a Sesa, 83,7% das gestantes fizeram o pré-natal, mas tiveram filhos com a doença. Em relação ao diagnóstico da sífilis materna, em 69,3% dos casos o diagnóstico foi feito no pré-natal e 23,3% no parto. Em relação aos tratamentos da gestante com sífilis, 41,5% foram inadequados e 27,8% não realizados. Só 21,9% receberam tratamento adequado.
A sífilis congênita é transmitida da mãe com a doença não tratada ou tratada de forma não adequada para a criança durante a gestação.
A infectologista Ana Carolina D'Ettorres explica que a transmissão ocorre via placentária e entre os riscos que a doença pode trazer para o bebê estão má-formações ósseas, cegueira, surdez e até pode levar à morte fetal.
Todas as crianças expostas à sífilis, mesmo se a mãe foi tratada, devem ser avaliadas após o nascimento, de acordo com a pediatra Bruna de Paula.
“No caso da criança com diagnóstico da doença, após alta da maternidade ela segue um acompanhamento com pediatra, infectologista, oftalmologista e neurologista, para vigiar sinais de acometimento da neurosífilis e o desenvolvimento neuromotor, além de avaliação auditiva”, explica a pediatra.
A ginecologista e obstetra Madalena Bandeira de Mello, da Unimed, destaca que o tratamento da doença é feito com antibiótico, com benzetacil, sendo também obrigatório que o parceiro também seja tratado.
“É importante fazer um controle rigoroso. O exame de detecção é barato, temos testes rápidos nas unidades de saúde e o tratamento é disponível pelo SUS, mas não conseguimos baixar os casos de sífilis congênita. O ideal era que esse teste fosse feito nos exames de rotina, antes até mesmo da mulher engravidar”, observou Madalena Bandeira de Mello.
Plano
Para tentar reduzir os casos de sífilis congênita, o Estado criou um plano de enfrentamento da doença para identificar gestantes e testá-las.
Fique por dentro
Sífilis
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário, a possibilidade de transmissão é maior.
A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.
Teste
A gestante deve fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo, tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão.
Consequência
A doença pode gerar consequências graves ao bebê, como surdez, cegueira, alterações ósseas e deficiência mental, podendo levar à morte.
Sífilis congênita no Estado (ano - casos)
2023: 824
2022: 674
2021: 558
2020: 422
2019: 474
2018: 613
2017: 735
2016: 676
2015: 596
Sífilis no Estado (ano - sífilis adquirida - sífilis em gestante)
2023: 8.081 - 2.598
2022: 7.472 - 2.293
2021: 4.533 - 2.035
2020: 3.422 - 1.984
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