Médico tira dúvidas sobre como proteger o coração
Para celebrar o dia mundial do coração, cardiologista foi às ruas orientar a população sobre bons hábitos e fatores de risco para doenças
Escute essa reportagem
Hoje é comemorado o Dia Mundial do Coração e para conscientizar a população e tirar as principais dúvidas sobre como cuidar corretamente do órgão, o médico Ciro Ramon Ferreira Viana, cardiologista do Vitória Apart Hospital, foi às ruas junto com a reportagem de A Tribuna.
Delicia dos Santos, aposentada de 65 anos, foi uma das pessoas que conversou com o profissional. Ela quis saber quais são os cuidados que o idoso precisa ter com o coração.
“Homens com 55 anos ou mais e mulheres com 65 anos ou mais precisam de um rastreio, de consultas regulares com médicos em geral”, começou Ciro.
“Fatores de risco alimentares, de sono, estresse e tabagismo, o consumo de bebida alcoólica, sedentarismo e obesidade somam pontos ao longo do tempo e no futuro acabam desenvolvendo alterações no nosso metabolismo e funcionamento do organismo de uma maneira geral”, completou.
Segundo ele, a pessoa idosa precisa de bastante atenção e seguir uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos regularmente e ter o sono adequado. “Com isso você já diminui os riscos de doenças cardiovasculares”.
Ele ressaltou que tais cuidados devem ser seguidos pelas outras faixas etárias também. “É claro, os idosos precisam de muita atenção, mas os cuidados precisam ser tomados desde sempre. Temos visto pacientes jovens, acima dos 30 anos, desenvolvendo hipertensão, e muito disso se deve ao estilo de vida. É preocupante”.
O jornalista Rafhael Pardin, de 24 anos, mantém uma rotina saudável e quis saber quais são as principais doenças do coração. O médico citou o infarto agudo do miocárdio como uma que mais mata no mundo e no Brasil.
O Estado não é diferente. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que a insuficiência cardíaca e o infarto agudo do miocárdio são as principais causas de internação pelas doenças cardiovasculares, respectivamente. Em relação às mortes, segundo dados preliminares do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), no ano passado, 1.993 pessoas morreram por infarto e, neste ano, até o início de agosto, foram 824 mortos.
Além dessas duas doenças, Fernanda Bento, cardiologista e coordenadora do serviço de cardiologia do Hospital Meridional Serra, citou a miocardiopatia (comprometimento do músculo do coração) e a miocardite (inflamação do músculo cardíaco) como outras doenças do órgão.
Fique por dentro
Eric Teixeira Gaigher, cirurgião vascular da MedSênior, explicou que a principal função do coração é bombear sangue por todo o corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes para todos os tecidos e órgãos, o que é crucial para manter os processos metabólicos que sustentam a vida.
Faz mal
De acordo com Eric, é negativo ter um estilo de vida sedentário, maus hábitos alimentares (como alta ingestão de gorduras trans, carne vermelha, carnes processadas, carboidratos refinados e bebidas adoçadas), atividade física inadequada e ter o hábito de fumar.
Dados
Doenças do aparelho circulatório, ou cardiovasculares, representam a segunda principal causa de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares (SIH).
No ano passado, foram 30.078 internações por doenças do coração. Em 2023, de janeiro a julho, somam 17.059 internações. A insuficiência cardíaca e o infarto agudo do miocárdio são as principais causas de internação pelas doenças cardiovasculares, respectivamente.
Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), em 2022, foram 7.618 mortes por doenças cardiovasculares. Neste ano, até o início de agosto, 3.582.
Fonte: SIH, SIM e Eric Teixeira.
Perguntas e respostas
"Quando identificar que estou tendo um infarto?" - Eliana Gomes da Silva, 36, técnica de enfermagem
“A dor no peito (que pode ser do lado esquerdo ou no meio) e a irradiação dela para os braços, região cervical, mandíbula e boca do estômago são sintomas clássicos do infarto.
Alguns pacientes, como idosos, mulheres e diabéticos, infartam com sintomas atípicos. Costumam ter sintomas atípicos mais sutis, às vezes aparecem só com dor no estômago, muito vômito, mal-estar" - Fernanda Bento, cardiologista.
"A ansiedade pode gerar aumento da pressão arterial?" - Lorena Ferraz Gomes, 42, gerente de loja
“Sim! A ansiedade e o estresse são fatores bastante importantes para o aumento da pressão arterial. Não só a medicação vai ser o suficiente para controlar a pressão do paciente hipertenso.
Temos que ter cuidado e fazer atividade física, comer com pouco sal, evitar estresse excessivo e privação de sono, porque isso tudo culmina nesse aumento dos níveis da pressão” - Fernanda Bento, cardiologista.
"Doenças cardiovasculares acontecem em todas as idades?" - Samylla Justo da Silva, 34, empresária
“Elas acontecem em qualquer faixa etária. As doenças congênitas, hereditárias, conseguimos ver intraútero. Temos valvopatias secundárias e doença reumática que podem acometer crianças. Há doenças como a Síndrome de Marfan também.
Na adolescência, a gente encontra muita pericardite e miopericardite. Infartos acontecem com prevalência em uma faixa etária mais velha” - Fernanda Bento, cardiologista.
"Com qual frequência devo ir ao cardiologista?" - Graciane Barcelos, 38, dona de casa
“Depende da idade, sexo e comorbidades que o paciente tem. Cada caso é individualizado. O hipertenso, por exemplo, precisa visitar o médico dele, no começo, com uma regularidade maior para ajustar os anti-hipertensivos.
Depois que o tratamento foi iniciado e a pressão controlada, pode ser de três em três meses, inicialmente. É possível espaçar mais as consultas” - Ciro Ramon, cardiologista.
"Quais sinais surgem quando se está hipertenso?" - Fernanda Nunes, 34, vendedora
“Temos diversos sinais e sintomas. Mas é claro que não significa que, tendo aqueles sintomas, sua pressão está alta. Mas esses sintomas chamam uma atenção para investigar.
A dor de cabeça, principalmente na região occipital (acima da nuca), chama essa atenção, assim como fatores de tontura em momentos específicos do dia, zumbido no ouvido, fadiga e estresse” - Ciro Ramon, cardiologista.
Comentários