Fim do pedágio vai criar condomínios e valorizar bairros, dizem especialistas
Pedágios deixam de existir na Terceira Ponte e Rodovia do Sol a partir desta sexta-feira (22)
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O fim da cobrança do pedágio na 3ª Ponte e Rodovia do Sol aquece o mercado imobiliário, com previsão de construção de novos condomínios e valorização de bairros entre Vila Velha e Guarapari.
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz diz que a Rodovia do Sol pode ficar sendo conhecida como a região dos condomínios de lotes de alto padrão.
“Temos o Riviera, que é um condomínio próximo à Barra do Jucu (Vila Velha). Temos outros condomínios nesse trecho, mas até no pedágio. Então, há regiões belíssimas com vazios urbanos, que são promissoras”.
Ele ainda frisou: O fim do pedágio vai beneficiar o mercado imobiliário e pessoas que querem morar em condomínios de lotes, que podem construir suas casas dentro do seu padrão com segurança e lazer”.
O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, destacou a expectativa de crescimento da região.
“Com o pedágio, quem mora em Guarapari e trabalha em Vitória, por exemplo, tinha de desembolsar R$ 25,20 por dia. Em um ano, gastava quase R$ 7 mil. O fim da cobrança vai possibilitar desenvolvimento”.
O vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado (Ademi-ES), Alexandre Schubert, destacou que, em um primeiro momento, deve haver densificação de investimentos em regiões próximas ao pedágio.
“Guarapari é uma região que já está crescendo. O destaque vai para o eixo de desenvolvimento de Buenos Aires. O fim do pedágio vai facilitar a ida para a região”.
Fernando Otávio Campos, diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Guarapari e presidente da Associação de Hotéis e Turismo de Guarapari, diz que o fim da cobrança tem pontos positivos e negativos.
Na construção civil, um dos pontos positivos citados por ele é que ficará melhor para morar em Guarapari, mesmo para aqueles que trabalham em Vila Velha e ou Vitória. “Um trabalhador normal de carro, só com pedágio, gastava quase R$ 600 por mês. Os aluguéis em Guarapari são mais baratos”.
No entanto, ele salienta que o excesso de demanda pode reduzir a qualidade de vida em Guarapari e até desvalorizar imóveis e outros serviços. “Precisamos acompanhar”.
O que vem por aí na Rodovia do Sol e na Terceira Ponte
1- Central de monitoramento
O governo irá ampliar o número de câmeras de videomonitoramento ao longo da Rodovia do Sol e da Terceira Ponte.
Hoje, são 20 câmeras em todo o trecho, que tem 67 quilômetros de extensão. Segundo o governo a ideia é chegar a 200 câmeras até o final de 2024.
Já nesta sexta-feira (22), no primeiro dia, a ponte passará de oito equipamentos para 20 câmeras ligadas ao Centro de Controle Operacional (CCO).
Além disso, o governo irá remodelar e modernizar a central. Além de funcionar por 24 horas, ela ainda será interligada com câmeras dos terminais do Transcol, Sistema Aquaviário e da ciclovia da Terceira Ponte.
2- Praças do pedágio
O governo afirmou que serão retiradas todas as cabines de pedágio.
A partir desta sexta-feira (22), elas serão fechadas, sem cobrança, mas a retirada deve acontecer aos poucos, ao longo do tempo, já que ainda depende de retirada de equipamentos e desmontagem de estruturas.
A retirada da cobrança e das cabines na Terceira Ponte ainda deve dar maior fluidez ao trânsito, principalmente no sentido Vila Velha - Vitória, onde a cobrança ainda era feita até a quinta-feira (21).
O governo anunciou que o local da praça do pedágio, em Vitória, terá de passar por uma reformulação do traçado, com necessidade de retornos, faixas de pedestres, além de mudança em tempo de semáforos e outras alterações.
Para isso, haverá necessidade de participação das prefeituras de Vitória e de Vila Velha na melhoria e mudanças nos acessos.
3- Ampliação da ciclovia
O governo está elaborando o projeto básico para ampliação da Ciclovia da Vida, que já foi implantada ao longo da Terceira Ponte.
A ideia é que ela se estenda até Setiba, passando pela Rodovia do Sol.
Para isso, serão construídos mais de 20 quilômetros de ciclovia, que deverá ser implantada em um dos lados da rodovia.
A ideia é que ela seja uma ciclovia mais ampla, com cerca de três metros de largura, para permitir fluxo de ciclistas nos dois sentidos, além da prática de esportes e deslocamento de pessoas.
O projeto inicial, que servirá como base para contratação da empresa para realizar o projeto executivo e a obra, deve ficar pronto no primeiro semestre de 2024.
Ainda não há prazo para que as obras sejam iniciadas.
4- Trevo de Ponta da Fruta
Outro anteprojeto que o governo do Espírito Santo está elaborando para a região é do Trevo de Ponta da Fruta, com uma passagem em dois níveis.
A obra deverá beneficiar principalmente pessoas que acessam a Ponta da Fruta e Balneário de Ponta da Fruta.
Segundo o governo, o anteprojeto permitirá que a obra seja posteriormente licitada, mas ainda sem prazo para início.
Fonte: Fábio Damasceno, secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) do governo do Estado.
Caminhões acima de 23 toneladas vão ser proibidos
Uma preocupação com o fim da cobrança de pedágio é aumentar o fluxo de caminhões transitando na Rodovia do Sol.
Fernando Otávio Campos, diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Guarapari e presidente da Associação de Hotéis e Turismo de Guarapari, foi um dos que demonstrou preocupação com o trânsito na via.
“Temos preocupação com o trânsito na via, pois o fluxo de caminhões para o Porto em Vila Velha ou mesmo para a Ceasa vai aumentar fugindo do pedágio da BR-101. Inclusive, a medida pode refletir na concessão da BR-101”.
Contudo, o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, reforçou que, com a retirada da cobrança, está sendo editada uma regra que proibirá a passagem de caminhões com mais de 23 toneladas na Rodovia do Sol.
A fiscalização ficará sob responsabilidade do Batalhão de Polícia de Trânsito, que tem um posto na região da Barra do Jucu, além das câmeras de videomonitoramento, que serão instaladas ao longo de toda a rodovia no decorrer do ano de 2024.
A previsão é que todos os 67 quilômetros do trecho, que inclui a Terceira Ponte e a Rodovia do Sol, tenham até o final do ano que vem 200 câmeras. A central de monitoramento funcionará 24 horas, integrada ao Sistema Aquaviário, Terminal do Transcol e ciclovia.
A Tribuna mostrou abertura em 1989
Em 22 de agosto de 1989, A Tribuna publicou uma reportagem mostrando que a Terceira Ponte estava sendo aberta com pedágio no valor de Ncz$ 2,50 (dois cruzados novos e cinquenta centavos) para veículos de passeio, inferior ao valor cobrado até ontem (R$ 2,90, em apenas um sentido).
Na época, a informação era de que o pedágio seria reajustado mensalmente, de acordo com o índice de inflação.
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