“Conversantes”, a nova tendência na paquera
Essa modalidade de relacionamento surgiu com o aumento das interações digitais. Especialistas, porém, alertam para riscos
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Paquera, romance, flerte e ficante. Muitos são os nomes dados a um potencial namorado ou namorada no início de um relacionamento. Mas com o aumento das interações digitais, um novo nome tem se somado a esse dicionário amoroso: trata-se de “conversante”.
A expressão deriva do termo em inglês “dexting”, a contração das palavras “date” (encontro) e “texting” (enviar mensagens de texto). O “conversante” é aquele pretendente com o qual a pessoa interessada interage apenas no mundo virtual da troca de mensagens.
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O psicanalista Vitor Burgo explica que o termo é uma gramática própria da internet, mas se refere à já conhecida paquera. “É o flerte que se desenvolve na vida on-line”. O especialista lembra que a conexão virtual geralmente é subestimada.
“Ela permite aproximações íntimas, regulares e muito confiáveis. No entanto, as relações amorosas e de amizades mais próximas pedem a presença do corpo, ainda que não de forma permanente”.
A psicanalista, sexóloga e terapeuta de casais Lucimei Couto destaca que o relacionamento por meio de mensagens pode ter impactos negativos e produzir comportamentos que inviabilizam o desenvolvimento de uma relação real.
“Manter apenas o relacionamento a distância impede o casal de construir vínculo emocional, de criar memória afetiva, mantendo as pessoas num estado fantasioso e idealizado. O ideal é ter um equilíbrio entre o virtual e o real. Sempre mantendo os encontros presenciais, para que se tenha uma base sólida para o relacionamento”, orientou.
O psicólogo Eduardo Silva Miranda destaca que a questão se torna um problema quando há exageros ou quando ela deriva do sentimento de insegurança.
“A preocupação é se essa conexão virtual está se dando dessa forma por uma incapacidade de realizar conexão física devido a uma insegurança ou idealização de uma relação afastada da realidade”, disse. Além da insegurança, o medo de se decepcionar também pode motivar essa limitação, segundo o especialista.
Já para o primeiro encontro pessoal, quando o casal sentir confiança suficiente, o ideal é marcar em um local público, que tenha circulação de pessoas. “Infelizmente não sabemos as reais intenções e é preciso reduzir os riscos”, aconselhou Miranda.
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Tempo
Limite o tempo trocando mensagens de texto. O hábito pode se tornar prejudicial quando realizado de forma exagerada.
Conteúdo
Concentre-se em mensagens com conteúdo, significativas. Evite o hábito de enviar mensagens de texto sobre tudo o que você pensa ao longo do dia ou de entrar em longas conversas por texto.
Chamada de vídeo
Faça chamadas de vídeo. Se por acaso há empecilhos para um primeiro encontro o quanto antes, use a chamada de vídeo para ter algo mais íntimo e mais próximo de algo no mundo off-line.
Dados pessoais
Proteja suas informações pessoais, evitando fornecer endereço exato, números de documentos, senhas e especificações da rotina. O mesmo cuidado vale para as imagens, como as fotos íntimas, que devem ser evitadas ou, caso enviadas, que impossibilitem a identificação.
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